São Paulo, Sábado, 13 de Março de 1999
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Parabéns, d. Serafim

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

O cardeal-arcebispo de Belo Horizonte, d. Serafim Fernandes de Araújo, acaba de celebrar, a 12 de março, as bodas de ouro de sacerdócio. Em breve, a 8 de maio, completará 40 anos de ordenação episcopal.
Desde cedo sentiu o chamado de Deus, que lhe concedera a graça de viver numa família unida e numerosa. Aos 12 anos, com a bênção dos pais, partia de Itamarandiba para o seminário de Diamantina. Bom aluno, foi enviado a Roma para os estudos de teologia e depois, em direito canônico. Na cidade eterna, em 1949, recebia a ordenação sacerdotal na basílica de S. João de Latrão.
De volta ao Brasil, após os primeiros anos em Gouveia e depois como pároco em Curvelo, veio para a capital mineira nomeado, com apenas 34 anos, em 1959, bispo auxiliar de d. João Resende Costa, com quem estabeleceu, desde o início, a mais estreita comunhão e amizade.
Sua vida ficou intensamente ligada à educação: 20 anos reitor da PUC e membro do então Conselho Federal de Educação, tornou-se, bem cedo, respeitado pela sua competência e dinamismo. Outro campo de apostolado ao qual tem se dedicado é o da comunhão social, em programas diários de rádio, em que orienta, informa e anima milhares de fiéis.
Em 1986, sucede a d. João Resende como arcebispo de Belo Horizonte. Sua solicitude pastoral estendeu-se ao Brasil e à igreja inteira, quando eleito vice-presidente da CNBB de 1991 a 1995 e membro do Pontifício Conselho para Comunicação Social e do Pontifício Conselho para América Latina.
Na manhã de 18/1/98, a notícia alvissareira percorreu a capital mineira e o Brasil: d. Serafim é escolhido pelo papa João Paulo 2º para o Colégio Cardinalício. Em Roma, na investidura a 21 de fevereiro, estavam presentes 9 de seus 13 irmãos e uma caravana de parentes e amigos expressando a alegria do povo. Era festa para todos e especialmente para Minas Gerais. Sorrindo e abençoando os que vieram acolhê-lo no aeroporto de Pampulha dizia, com simplicidade: "Toda a gente da Arquidiocese se sente um pouco cardeal".
Entre os muitos méritos da notável liderança religiosa e do zelo de d. Serafim está o projeto pastoral "Construir a Esperança", lançado em 1992, com o propósito de promover uma igreja mais participativa, missionária e misericordiosa. Nestes anos, as comunidades da Arquidiocese crescem num clima de entusiasmo e esperança que serve de incentivo para todo o Brasil.
Permitam-me externar minha gratidão pessoal a d. Serafim. São inúmeros seus gestos de amizade ao longo dos anos da convivência nos trabalhos da CNBB e, em especial, depois de minha vinda, em 1988, para a Arquidiocese de Mariana.
No entanto, há um fato que liga ainda mais estreitamente nossas vidas. A 23/2/90 sofri grave acidente automobilístico na estrada de Itabirito. Dom Serafim foi o primeiro a socorrer-me e ao padre meu companheiro, movimentando médicos e hospitais nos dias de Carnaval. Permaneceu sempre a meu lado. Acolheu-me e a minha irmã durante os longos meses da convalescença em sua própria casa. Cuidava de tudo. Sua palavra me deu coragem e muito me ajudou a recuperar as forças e a saúde.
É fácil compreender hoje a minha alegria, agradecendo a Deus a vida de d. Serafim e celebrando a seu lado a festa de seu sacerdócio em união com a arquidiocese e muitos amigos que lhe manifestam, com tanto carinho e estima, a merecida gratidão.
Obrigado, meu caro d. Serafim!


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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