São Paulo, quarta-feira, 13 de abril de 2011

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Avanços em Pequim

Embora limitados, acordos fechados em visita de Dilma Rousseff à China podem abrir caminho para reequilibrar as relações com maior parceiro

Os acordos anunciados durante a visita da presidente Dilma Rousseff à China significaram um começo razoável no que ela propôs como um novo capítulo no relacionamento bilateral.
Os chineses fizeram gestos parciais para responder a algumas das reivindicações brasileiras. O governo Dilma precisa persistir nos esforços para reduzir a assimetria das relações econômicas atuais, em que o país exporta matérias-primas para seu maior sócio comercial e dele importa bens manufaturados.
Na viagem, marcada pela proposta brasileira de atuação conjunta em inovação tecnológica, o ponto forte foi a perspectiva de avanço na qualidade dos investimentos chineses no Brasil. Eles chegaram em 2010 ao recorde de US$ 19 bilhões, mas estão concentrados na exploração e transporte de petróleo e minérios.
O maior novo investimento anunciado vinha sendo negociado à margem da visita e virá de uma empresa sediada em Taiwan, a FoxConn. Ela promete aplicar US$ 12 bilhões -cifra portentosa, mesmo no prazo de cinco anos- na produção de telas para computador, hoje só fabricadas em três países, incluindo a China.
Além disso, duas companhias chinesas de equipamentos de telecomunicação, ZTE e Huawei, também anunciaram investimentos de US$ 600 milhões, que deverão incluir a construção de um centro avançado de pesquisas.
No segundo contencioso bilateral -a dificuldade de acesso ao mercado chinês-, Pequim acenou com permissão para a Embraer lá fabricar jatos executivos Legacy e com a encomenda de mais 25 aviões E-190. Anunciou-se ainda autorização para que três frigoríficos nacionais exportem carne suína para a China.
O aspecto menos promissor diz respeito ao reclamado aumento das exportações industriais brasileiras. O comunicado oficial menciona apenas a "disposição" chinesa de incentivar suas empresas a ampliar essas compras. Ficou ainda prometida uma viagem de prospecção chefiada pelo ministro do Comércio da China.
Dilma reconheceu parte da responsabilidade brasileira nesse ponto ao mencionar a sobrevalorização do real. É necessário também que a indústria e o governo brasileiros se dediquem a identificar nichos e produtos em que a indústria nacional possa tornar-se mais competitiva que a chinesa.
Ao menos no campo econômico, a viagem foi mais proveitosa do que a recente visita ao Brasil do presidente americano Barack Obama, caracterizada pelo simbolismo político. Nessa área, não houve novidades em Pequim. A menção a direitos humanos foi protocolar e a China manteve a posição de não apoiar explicitamente a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU.


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