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CRIME NA AMAZÔNIA
Vai na contramão da racionalidade e dos reais interesses do
país a proposta do deputado Moacir
Micheletto (PMDB-PR) de reduzir de
80% para 50% a área de proteção legal nas propriedades rurais da Amazônia, podendo chegar a 20%. O
projeto, que foi aprovado em comissão mista do Congresso e inclui várias outras provisões que facilitam o
desmatamento em diversas regiões,
segue a plenário nos próximos dias.
Existe a suspeita de que essa concessão à bancada ruralista teria sido
utilizada nas negociações para a
aprovação do salário mínimo. De
qualquer forma, o presidente Fernando Henrique Cardoso já mandou
avisar que vai vetá-lo se for aprovado.
Uma administração racional dos
recursos da Amazônia com vistas à
conservação não é um capricho de
ambientalistas sonhadores, mas
uma alternativa que pode oferecer
atraentes possibilidades econômicas
e a oportunidade de colocar a área na
rota do desenvolvimento sustentado.
A proposta de Micheletto parte do
falso pressuposto de que a agropecuária extensiva seria a vocação da região. Para começar, apenas as partes
menos chuvosas da área, uma porção pequena do todo, permitem esse
tipo de exploração. No restante, outras atividades econômicas, como o
extrativismo manejado, parecem alternativas mais indicadas, gerando
mais renda e mais empregos.
Há também a questão internacional. Por diversas razões, os países desenvolvidos têm interesse na preservação da floresta. É justo, portanto,
que paguem por ela. O Brasil não pode arcar sozinho com os custos de algo que interessa a todos.
De resto, nenhum projeto para a
Amazônia pode ignorar que a região
contém 50% da biodiversidade mundial, ou seja, das espécies animais e
vegetais, podendo guardar uma infinidade de princípios ativos importantes para o futuro da medicina. Já a
extinção, esta é para sempre.
Parlamentares terão agora a oportunidade de rever o relatório. Não
têm o direito de sacrificar o futuro
das próximas gerações em favor de
um discutível interesse imediatista.
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