São Paulo, sábado, 13 de maio de 2000


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Dia das Mães

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Nos tempos de minha infância, não havia data especial para celebrar as mães. A iniciativa de comemorar essa festa anual parecia, a princípio, mais ligada a fins comerciais; aos poucos, porém, tornou-se aceita com carinho em todo o país e com razão.
É o amor materno que melhor revela a gratuidade da bondade divina. A mãe sente-se feliz ao dedicar-se aos filhos. Não mede sacrifícios para gerar e acolher a nova vida, envolvendo-a de afeto e solicitude. O desvelo é ainda maior quando a criança adoece. Que dizer do devotamento incansável e heróico a filhos portadores de deficiência física ou mental? Quem de nós não conserva na memória cenas de ternura e dedicação materna que ficaram profundamente impressas em nosso coração? Ainda há poucos dias, percebi a generosidade da mãe pobre e franzina que, mesmo com fome, ao receber algum alimento, guardava-o discretamente para levar aos filhos.
Na sociedade em que crescem o individualismo, o fechamento sobre si, a acumulação doentia de bens com exclusão dos demais, precisamos superar o egoísmo e aprender, principalmente com as mães, a lição de gratuidade do amor. A tão desejada reforma do atual sistema econômico, que marginaliza milhões de pessoas, será possível na medida em que cada um for capaz de doar-se e experimentar a alegria da partilha com os demais.
Outra lição de inestimável valor que a mãe transmite aos filhos em seu lar é o misterioso dom de amar a cada um e de mantê-los unidos a seu redor. Às vezes, entre eles, já crescidos, podem surgir desentendimento e até conflitos, mas os filhos ao encontrarem-se na presença da mãe conseguem esquecer ressentimentos, reconciliarem-se e fazerem as pazes.
No coração materno, a humanidade sempre aprenderá a depor o ódio, a discriminação e a encontrar a alegria de construir uma sociedade fraterna.
Nas comunidades cristãs, o mês de maio é, desde séculos, especialmente consagrado à Santa Mãe de Deus. Jesus Cristo quis conceder a seus discípulos a graça imensa de podermos invocá-la como mãe nossa. Assim, já no cenáculo, encontramos os apóstolos reunidos em oração com Maria. Contemplando-a, aprendemos a crescer na fé em Jesus, a fazer a sua vontade e a anunciar o reino de justiça e paz.
A ela, mãe do povo brasileiro, dirigimos nossa prece pedindo que sejamos capazes de vencer a exclusão social, estreitar os laços de comunhão e promover condições dignas de vida para todos.
Lembremo-nos daquelas que nos deram a vida. Recordo, com muito afeto, de minha querida mãe, Emília, que a meus irmãos e a mim transmitiu sua confiança em Deus, amor à Igreja e zelo pela verdade.
Guardo no coração tantas mães exemplares que, ao longo do ministério sacerdotal, tive a graça de conhecer: mães generosas ao lado de filhos sofridos, mães espirituais que se consagram a Deus e assumem, com ternura, os doentes, deficientes e crianças abandonadas.
É o momento de manifestarmos a nossa devoção filial à Mãe de Deus e de sermos agradecidos a todas as mães.


D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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