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Dia das Mães
LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Nos tempos de minha infância,
não havia data especial para celebrar as mães. A iniciativa de comemorar essa festa anual parecia, a princípio, mais ligada a fins comerciais; aos
poucos, porém, tornou-se aceita com
carinho em todo o país e com razão.
É o amor materno que melhor revela
a gratuidade da bondade divina. A
mãe sente-se feliz ao dedicar-se aos filhos. Não mede sacrifícios para gerar e
acolher a nova vida, envolvendo-a de
afeto e solicitude. O desvelo é ainda
maior quando a criança adoece. Que
dizer do devotamento incansável e heróico a filhos portadores de deficiência física ou mental? Quem de nós não
conserva na memória cenas de ternura e dedicação materna que ficaram
profundamente impressas em nosso
coração? Ainda há poucos dias, percebi a generosidade da mãe pobre e
franzina que, mesmo com fome, ao
receber algum alimento, guardava-o
discretamente para levar aos filhos.
Na sociedade em que crescem o individualismo, o fechamento sobre si, a
acumulação doentia de bens com exclusão dos demais, precisamos superar o egoísmo e aprender, principalmente com as mães, a lição de gratuidade do amor. A tão desejada reforma
do atual sistema econômico, que marginaliza milhões de pessoas, será possível na medida em que cada um for
capaz de doar-se e experimentar a alegria da partilha com os demais.
Outra lição de inestimável valor que
a mãe transmite aos filhos em seu lar é
o misterioso dom de amar a cada um e
de mantê-los unidos a seu redor. Às
vezes, entre eles, já crescidos, podem
surgir desentendimento e até conflitos, mas os filhos ao encontrarem-se
na presença da mãe conseguem esquecer ressentimentos, reconciliarem-se e fazerem as pazes.
No coração materno, a humanidade
sempre aprenderá a depor o ódio, a
discriminação e a encontrar a alegria
de construir uma sociedade fraterna.
Nas comunidades cristãs, o mês de
maio é, desde séculos, especialmente
consagrado à Santa Mãe de Deus. Jesus Cristo quis conceder a seus discípulos a graça imensa de podermos invocá-la como mãe nossa. Assim, já no
cenáculo, encontramos os apóstolos
reunidos em oração com Maria. Contemplando-a, aprendemos a crescer
na fé em Jesus, a fazer a sua vontade e a
anunciar o reino de justiça e paz.
A ela, mãe do povo brasileiro, dirigimos nossa prece pedindo que sejamos
capazes de vencer a exclusão social,
estreitar os laços de comunhão e promover condições dignas de vida para
todos.
Lembremo-nos daquelas que nos
deram a vida. Recordo, com muito
afeto, de minha querida mãe, Emília,
que a meus irmãos e a mim transmitiu
sua confiança em Deus, amor à Igreja
e zelo pela verdade.
Guardo no coração tantas mães
exemplares que, ao longo do ministério sacerdotal, tive a graça de conhecer: mães generosas ao lado de filhos
sofridos, mães espirituais que se consagram a Deus e assumem, com ternura, os doentes, deficientes e crianças
abandonadas.
É o momento de manifestarmos a
nossa devoção filial à Mãe de Deus e
de sermos agradecidos a todas as
mães.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.
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