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CARLOS HEITOR CONY
Os níveis da corrupção
RIO DE JANEIRO - Discordando mais uma vez da maioria dos analistas de
política e de variedades, considerei
mais do que positivas as confusas declarações do Silvio Pereira na CPI dos
Bingos. A confusão foi dupla: do depoente e da própria comissão que
apura as confusões dos bingos, e não
a corrupção em si, a do PT e a do governo. No fundo, tudo dá na mesma.
Ficou claro o chassi que enlameou a
vida pública.
Eliminando a enxurrada de contradições e mentiras do ex-secretário-geral do PT, depreende-se que houve
dois níveis na corrupção: a operacional e a política. A primeira (Marcos
Valério, Delúbio e o próprio Silvio)
funcionou como executiva, cumprindo uma programação ditada e fiscalizada pela cúpula política, esta, sim,
a verdadeira responsável por tudo o
que houve em matéria de corrupção.
Foram peões funcionando num tabuleiro em que o rei, a rainha, os bispos e os cavalos operavam para obter
o tal bilhão que garantiria ao partido
os tais 20 anos de poder.
No nível político, Silvio disse mais
ou menos o que todos sabíamos. Operavam neste patamar o presidente da
República, seu ex-chefe da Casa Civil,
José Dirceu, Luiz Gushiken, o ex-presidente do partido (José Genoino) e o
senador Aloizio Mercadante. Acontece que este último não tinha nem tem
caneta para assinar nada, sua atividade é limitada ao Senado e ao campo político. Se for eleito governador
de São Paulo, aí, sim, terá uma caneta -mas não acredito que, pelo seu
passado, ele entre numa fria como
entrou José Genoino, outro que tem
um passado, mas ganhou a caneta
como presidente do partido e deveria
estar bem informado sobre as tratantadas do grupo executivo que estava
a ele subordinado.
Inegável, neste nível político que
orientava e aprovava as tramóias
executivas, a presença de Lula e de
José Dirceu. Eles afirmam que nada
sabiam, nada mandavam, nada chegava até eles. Aqui, ó!
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