São Paulo, quinta-feira, 13 de maio de 2010

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Editoriais

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Ligação perigosa

SAIU DE FÉRIAS ontem, para efeitos oficiais, o secretário nacional de Justiça, delegado Romeu Tuma Júnior. Foi a maneira encontrada para afastá-lo do cargo, o que poderia ter ocorrido de forma mais célere e menos tortuosa, em benefício do interesse público.
Tuma Júnior exerce (ou exercia) uma função de relevo na burocracia estatal. É o responsável pelo órgão que cuida do rastreamento de dinheiro ilegal no exterior e controla a situação dos estrangeiros no país. Preside, além disso, o Conselho Nacional de Combate à Pirataria.
Não é tolerável que um servidor público com atribuições dessa natureza mantenha relações -e ainda mais estreitas- com um contrabandista.
Conforme revelou o jornal "O Estado de S. Paulo" no último dia 5, Tuma Jr. e o chinês Li Kwok Kwen, conhecido como Paulo Li, foram flagrados por escutas da PF em várias conversas telefônicas, nas quais há indícios de intensa troca de favores. Apontado como chefe de uma quadrilha especializada no contrabando de celulares, Paulo Li está preso desde setembro de 2009.
Segundo as investigações, entre outros delitos, ele vendia facilidades de acesso à secretaria de Tuma Júnior -da qual se dizia "assessor"- para regularizar os papéis de chineses no país.
O próprio delegado admitiu ser amigo de "Paulinho" há 20 anos, sem que, no entanto, conforme alega, soubesse de suas atividades ilícitas. Também está mal explicada a atuação de Tuma Júnior quando, ao que tudo indica, foi acionado e tentou atenuar um flagrante no aeroporto de Cumbica, realizado pela PF quando a deputada Haifa Madi tentava sair do país com US$ 123 mil.
O delegado não pode ser condenado por antecipação, mas pesam evidências contra ele. O melhor é que permaneça fora do cargo até que cada uma das acusações seja elucidada.


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