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Editoriais
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Ligação perigosa
SAIU DE FÉRIAS ontem, para
efeitos oficiais, o secretário
nacional de Justiça, delegado Romeu Tuma Júnior. Foi a
maneira encontrada para afastá-lo do cargo, o que poderia ter
ocorrido de forma mais célere e
menos tortuosa, em benefício do
interesse público.
Tuma Júnior exerce (ou exercia) uma função de relevo na burocracia estatal. É o responsável
pelo órgão que cuida do rastreamento de dinheiro ilegal no exterior e controla a situação dos estrangeiros no país. Preside, além
disso, o Conselho Nacional de
Combate à Pirataria.
Não é tolerável que um servidor público com atribuições dessa natureza mantenha relações
-e ainda mais estreitas- com
um contrabandista.
Conforme revelou o jornal "O
Estado de S. Paulo" no último dia
5, Tuma Jr. e o chinês Li Kwok
Kwen, conhecido como Paulo Li,
foram flagrados por escutas da
PF em várias conversas telefônicas, nas quais há indícios de intensa troca de favores. Apontado
como chefe de uma quadrilha especializada no contrabando de
celulares, Paulo Li está preso
desde setembro de 2009.
Segundo as investigações, entre outros delitos, ele vendia facilidades de acesso à secretaria de
Tuma Júnior -da qual se dizia
"assessor"- para regularizar os
papéis de chineses no país.
O próprio delegado admitiu ser
amigo de "Paulinho" há 20 anos,
sem que, no entanto, conforme
alega, soubesse de suas atividades ilícitas. Também está mal explicada a atuação de Tuma Júnior quando, ao que tudo indica,
foi acionado e tentou atenuar um
flagrante no aeroporto de Cumbica, realizado pela PF quando a
deputada Haifa Madi tentava
sair do país com US$ 123 mil.
O delegado não pode ser condenado por antecipação, mas pesam evidências contra ele. O melhor é que permaneça fora do
cargo até que cada uma das acusações seja elucidada.
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