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POLÍTICA DEFENSIVA
A instabilidade no mercado
financeiro se agravou. O dólar
voltou ao patamar de R$ 2,80. A taxa
de risco-Brasil, medida pelo Emerging Markets Bond Index, do banco
J.P.Morgan, ultrapassou os 1.300
pontos (terceiro maior risco mundial, depois de Argentina e Nigéria).
Essa turbulência tem sido agravada
pelas estratégias defensivas de bancos, fundos de investimento e empresas. Bancos nacionais e estrangeiros cortam o crédito e elevam a
demanda por dólar e outros ativos.
As empresas procuram saldar suas
dívidas, sobretudo em moeda estrangeira. Há indicações também de
maior saída de recursos pela conta
CC-5: em abril foram US$ 396 milhões; em maio, US$ 616 milhões.
Assim, os agentes econômicos
buscam resguardar o valor dos patrimônios e reduzir o nível de exposição ao risco de crédito. Além disso,
parece que despertam para um dos
problemas estruturais do anos do
real, qual seja, o elevado endividamento público. A maior desconfiança dos investidores está relacionada
às dificuldades do governo de rolar
sua dívida em condições cada vez
mais adversas. A despeito dessa crise
de confiança, ainda não há sinal de
risco iminente de insolvência da dívida pública brasileira.
Há excesso de recursos livres no
caixa dos bancos. O BC ainda tem
instrumentos para combater essa situação, por exemplo, mediante a elevação dos depósitos compulsórios
ou a diminuição da exposição dos
bancos ao dólar. No primeiro caso, o
efeito imediato seria o aumento na
taxa de juros cobrada pelos bancos.
O patamar das reservas internacionais não parece garantir fôlego para
grandes intervenções no câmbio. Há
indícios de que o governo anuncie
hoje saque antecipado, que pode
chegar a US$ 9,4 bilhões, de dinheiro
do FMI, extinguindo uma reserva
disponível nessa instituição. Esses
recursos reforçariam as reservas
cambiais do Brasil com o objetivo de
facilitar a recomposição de expectativas. De todo modo, o raio de manobra do BC está muito estreito: ou
contém a liquidez no sistema bancário ou deixa o câmbio se deteriorar.
Reduzem-se drasticamente as condições para corte na taxa de juros básica, na próxima reunião do Copom.
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