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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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PAINEL DO LEITOR

O pesadelo de Fidel
"É inacreditável que tanta gente supostamente honesta, inteligente e bem-informada continue tocando para diante essa história de que o "bloqueio criminoso" que os Estados Unidos impuseram a Cuba é o grande culpado por todos os males que afligem a ilha.
Primeiro, como os próprios cubanos sabem, não há bloqueio nenhum. Bloqueio é quando um país cerca o outro e o isola, impedindo a passagem de navios e a aterrissagem de aviões. O que há é um embargo econômico, que impede os cidadãos e as companhias americanas de viajar e comerciar com Cuba. Só os americanos.
O embargo, sem embargo, não impede que espanhóis, italianos, mexicanos, canadenses, o resto do mundo -e até brasileiros- comerciem à vontade e desfrutem das maravilhas naturais, artísticas e humanas de Cuba quando quiserem, como fazem há anos.
Os maiores interessados na derrubada do embargo irracional são os industriais e comerciantes americanos, loucos para vender tudo o que puderem para Cuba, onde falta quase tudo. Os menos interessados são Fidel e a "nomenklatura" do partidão, pois, além de perderem o culpado ideal, sabem que, quando forem restabelecidas as relações entre os dois vizinhos, mercadores americanos invadirão a ilha, oferecendo os produtos mais modernos e os melhores preços e financiamentos -e os cubanos irão adorar. Milhares, milhões de turistas americanos, em excursões a preço de banana, invadirão o paraíso caribenho atrás de sol, sexo e salsa, deixarão milhões, bilhões de dólares na ilha, felizes da vida. Aí os cubanos terão acesso a livros, a filmes, a discos, a shows, a TV a cabo, a celulares, à internet. E aí... a revolução acaba. Ou começa uma outra, com liberdade, pluralidade e democracia.
Essa é a única "invasão americana" que Fidel teme."
Nelson Motta (Rio de Janeiro, RJ)

Tempos medievais
"Com referência à reportagem "Senado amplia base de cobrança do ISS para 208 serviços" (Dinheiro, 10/7), gostaria de dizer aos senhores senadores, deputados e vereadores que não percam mais tempo reunindo-se diariamente -num desgaste que nos dá pena- para descobrir fórmulas que aumentem as verbas dos Estados e municípios.
Simplifiquem. Voltem aos tempos medievais e comecem a passar de porta em porta, como faziam os cobradores de impostos, extorquindo dinheiro e bens da população.
Além de garantir a viabilização dos projetos, que se tornam vitrines eleitorais, essa é uma atitude mais honesta, apesar de torpe!"
Eliana Bianco (São Paulo, SP)

Baderna
"Em relação à carta da leitora Maria Tereza Oereira, de Belo Horizonte ("Painel do Leitor", 10/7), gostaria de dizer que não é o governo Fernando Henrique o responsável pelo que ela chamou de "baderna econômico-financeira" do início do ano. Foi a própria vitória de Lula nas eleições, depois de passar anos satanizando o FMI e o setor financeiro, que causou instabilidade.
Tem razão o presidente do PSDB em seu artigo: está na hora de o governo Lula começar. Queremos crescimento e os dez milhões de empregos prometidos!"
Everton Bernardo (São Paulo, SP)

No meio do caminho
"Estou com o senhor Gustavo Patú ("No meio do caminho havia dois Poderes", Brasil, 10/7).
Lula mexeu nos intocáveis vespeiros do funcionalismo, o Judiciário e o Legislativo, onde estão os maiores salários e todas as mordomias do serviço público. Eles se julgam superiores e só se interessam em manter os privilégios para si e para a parentela que lá colocam.
O resto do país é o resto."
Renato Pinheiro (Belo Horizonte, MG)

Saúde
"Como portadora de uma patologia não rara, mas de alto custo, trago meu mais veemente protesto contra a posição do doutor Alberto H. Kanamura ("O dilema do gestor do sistema de saúde", "Tendências/Debates", 10/7).
Quando um gestor coloca os custos de alguns tratamentos acima de conceitos éticos e humanitários, vejo que muito do que se faz nas secretarias de Saúde tem sido apenas para justificar o salário de alguns. Que tal se saíssem de seus gabinetes e fossem à luta contra a miséria, a desnutrição, a tuberculose? Veriam como o cidadão está sendo tratado. Estariam colaborando na educação e na prevenção e poderiam pôr em prática conhecimentos que foram adquiridos com o patrocínio dos impostos pagos pelos contribuintes.
Minha indignação não se limita ao artigo, mas, sim, ao que está embutido nele, que é uma campanha contra o cumprimento da emenda constitucional 29, que prevê no financiamento à saúde a participação da federação, dos Estados e dos municípios. E os Estados estão em franca campanha para serem desobrigados do seu cumprimento.
A tão sonhada humanização na saúde pública tem de começar pelos gestores que se utilizam de falsos argumentos para não cumprir com suas obrigações."
Neide Barriguelli, presidente da União de Insuficientes Renais de São Paulo, presidente da Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil e representante suplente no Conselho Nacional de Saúde dos Pacientes Portadores de Patologias e Deficiências (São Paulo, SP)
 

"Muito oportuno o artigo do médico Alberto Kanamura sobre a gestão do sistema de saúde. É um tema difícil que é pouco ou quase nunca abordado, pois trata de escolhas que podem levar pessoas à morte. Mas é um assunto que deve ser enfrentado de maneira não-emocional.
Num país em que centenas de estabelecimentos de saúde mal conseguem adquirir medicamentos para um atendimento básico, parece contraditório gastar grandes quantias em dinheiro em tratamentos raros. Sugiro à Folha que promova uma discussão sobre este tema."
André Ali Mere, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soluções Parenterais (São Paulo, SP)

Críticas
"Qualquer um tem o direito de criticar o Fome Zero julgando-o um programa demagógico, menos o "pai do Real".
Ao manifestar preocupação com a perda do que foi feito, a esperteza do ex-presidente não cita "o que foi feito", mas eu acho que ele fala do desemprego, da violência crescente nas cidades e no campo, do prejuízo das empresas endividadas, dos lucros recordes dos bancos e dos aumentos das tarifas públicas entregues aos estrangeiros para manter o real forte, que garantiu a "primeira reeleição do Brasil"."
José Menezes Netto (Macaé, RJ)


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