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Novos ataques
Políticos, na crise da segurança paulista, travam uma batalha retórica que confunde e ofende a opinião pública
O PERÍODO eleitoral tem
prejudicado a tarefa de
identificar causas e estabelecer linhas de
ação apropriadas para enfrentar
a crise na segurança pública no
Estado de São Paulo. Políticos
envolvidos no episódio têm se
lançado a um esgrimismo retórico que os afasta cada vez mais da
realidade; que confunde, frustra
e ofende a opinião pública.
Na terça-feira, durante o dia, o
governador Cláudio Lembo disse
que a facção criminosa PCC "não
domina mais" os presídios paulistas. A seguir, uma nova onda
generalizada de ataques, iniciada
na noite daquele dia, veio mostrar que a realidade não se harmoniza com suas palavras.
Mais triste foi notar a permanência da atitude truculenta e
avessa à prestação de contas que
tem marcado a atuação do secretário da Segurança Pública, Saulo Abreu. Agora chegou ao desplante de insinuar, sem qualquer
evidência, que este jornal, ao publicar uma lista de presos a serem transferidos para um presídio federal, tenha tido responsabilidade na nova crise -embora
esta tenha começado antes de a
notícia ter sido publicada.
De sua parte, diante da nova
rodada de agentes de segurança
covardemente assassinados, ônibus queimados, supermercados
alvejados, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reincidiu na demagogia e se esforçou em vender
a falsa impressão de que seu governo tem uma saída emergencial para a crise -o envio da insondável Força Nacional de Segurança e/ou do Exército-, mas
esbarra na recusa das autoridades paulistas. Sejamos claros:
nem o Exército nem a força federal estão em condições de fazer
diferença na luta contra a ofensiva dos bandidos em São Paulo.
Não tem se saído melhor que
Lula o seu adversário tucano.
Como escreveu Elio Gaspari, ontem nesta Folha, Geraldo Alckmin se esmera em tergiversar
quando confrontado com as conseqüências de um problema que
cresceu sob sua gestão -deixou
há menos de quatro meses o governo de São Paulo, após cinco
anos de exercício do cargo.
Todos pensam apenas nos votos que poderão perder ou ganhar dando esta ou aquela declaração, evitando este ou aquele
tema. Incapazes de ler o presente, ignoram a necessidade imediata dos paulistas: confiar em
que as principais autoridades
públicas restabelecerão a ordem
e não permitirão que os autores
da selvageria fiquem impunes.
Ninguém deve esperar milagres. Ataques genéricos como os
perpetrados pelo PCC são difíceis de evitar em qualquer parte
do mundo -o problema foi o
PCC ter chegado à dimensão
atual. Ondas de atentados, por
outro lado, oferecem oportunidades à polícia: a quadrilha se
expõe e seus integrantes podem
ser identificados e presos.
É nesse ponto que a ação
emergencial se encadeia com
outra, mais longa, cujo objetivo é
impor uma derrota definitiva à
organização delinqüente. Nesse
ponto se deve adensar, e muito, a
articulação de instituições nas
esferas estadual e federal, no
Executivo, no Legislativo, no Judiciário e no Ministério Público.
Basta de demagogia eleitoreira.
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