São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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Frente libanesa

O QUE de pior poderia ocorrer no conflito israelo-palestino aconteceu. Forças israelenses lançaram-se em incursões no Líbano, abrindo nova frente de batalha. Há informações de que o governo do premiê Ehud Olmert está concentrando tropas na fronteira norte de Israel, no que pode ser o prelúdio de uma grande ofensiva contra o Hizbollah, milícia xiita que controla o sul do Líbano e que deflagrou a atual escalada ao matar, ontem, oito soldados israelenses e seqüestrar outros dois.
A crise emerge quando as tropas do Estado judeu já realizavam expedições punitivas em Gaza para pressionar terroristas do Hamas a libertar um cabo israelense seqüestrado há 19 dias.
Não há justificativa para o ato do Hizbollah. O grupo, que integra a coalizão de governo do Líbano, precisa decidir se quer permanecer uma congregação de arruaceiros terroristas ou se pretende mesmo converter-se num partido político, hipótese em que precisa aceitar responsabilidades e acatar políticas de Estado.
O seqüestro dos soldados israelenses é desastroso para o Líbano. O país corre o sério risco de voltar a ser ocupado por tropas de Israel. Na melhor das hipóteses, terá sua recém-reconstruída infra-estrutura no sul danificada pelos ataques israelenses.
Freqüentemente, a culpa pelo impasse no Oriente Médio pode ser atribuída a Israel, que costuma atuar com mão pesada, fazendo a população civil pagar por ações de grupos terroristas. Desta feita, porém, não há como exigir do Estado judeu que deixe de responder ao seqüestro de soldados que patrulham suas fronteiras. O Hizbollah deu a Ehud Olmert um "casus belli" real.
Mais uma vez, os radicais do Oriente Médio conseguem fazer sua agenda de violência prevalecer sobre a esmagadora maioria de israelenses, palestinos e libaneses, que quer viver em paz.


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