São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2006

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PLÍNIO FRAGA

Política da falta de vontade

RIO DE JANEIRO - Se oferecer a mal-ajambrada Força Nacional é o melhor que o governo federal pode fazer na crise de segurança, o governo de São Paulo está certo em recusá-la. Não serão algumas centenas de homens a mais que trarão a paz ao Estado. Na questão, têm sobrado homens, carros, omissão, incompetência e arrogância -quesito no qual o secretário Saulo de Castro Abreu Filho dá contribuição só equivalente à de Marcola, o pseudointelectual do PCC .
Talvez seja inocente demais lembrar que, quando era candidato, Lula assinou embaixo um projeto de programa de governo no qual afirmava que criaria a Agência Nacional de Segurança -composta por um colegiado de ministros-, que coordenaria as políticas do setor.
Para o sistema penitenciário, o programa propunha a ampliação da incidência de penas alternativas e a modificação de regras para concessão de livramento condicional e progressões de regime. A liberação anteontem de um conhecido chefe do tráfico no Rio, depois de ter cumprido 17 dos 42 anos aos quais foi condenado, mostra quão necessárias são mudanças como essas.
O projeto defendia ainda a unificação gradual dos comandos policiais (Civil e Militar). O primeiro passo seria colocar distritos da Polícia Civil e batalhões da Polícia Militar com as mesmas áreas de atuação. Em tese, os comandantes e delegados atuariam integradamente.
Nada foi feito. E é risível ler hoje um dos trechos do texto assinado por Lula: "Essas mudanças práticas dependem, fundamentalmente, da vontade política dos governantes". Como se sabe, "falta de vontade política" era aquela resposta mágica que Lula apresentava para tudo quando era oposição. A cúpula da Segurança Pública de São Paulo fracassou, todos sabemos. Ela e Lula são adeptos hoje da política da falta de vontade.


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