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E quem sustenta FHC?
CLÓVIS ROSSI
Bogotá - Bonita a operação "segura
Malan" desencadeada pelo Palácio do
Planalto, tendo os cabeças de sua base
parlamentar como atores coadjuvantes e vocalistas.
Tão bonita quanto inócua. O problema não se chama Pedro Sampaio Malan, mas Fernando Henrique Cardoso. Malan é o funcionário público
exemplar, que cumpre as determinações do chefe com o máximo de eficácia e honradez (basta saber que está
no governo há seis anos e não foi chamuscado em nenhum dos episódios
suspeitos ocorridos nesse longo período, o que é uma façanha em um país
como o Brasil).
Pode-se discordar da política econômica, mas atribuí-la unicamente a
Malan é o mesmo que achar que jabuti sobe em árvore sem que alguém lá o
coloque.
O que o governo precisa mesmo é de
uma operação "segura FHC", que está
em queda livre faz já algum tempo e
não emite sinais de reação.
De nada adianta preservar o ministro da Fazenda se a percepção generalizada é a de que o seu superior não está conseguindo se preservar. É evidente que mexidas no dólar e nas Bolsas
têm sempre elevado teor de especulação. Mas elas só se tornam realmente
desestabilizadoras quando há um pretexto crível a partir do qual especular.
E o mercado, mais do que mortais
comuns, sabe perfeitamente que o problema é a incapacidade que o presidente revela, dia após dia, de ser bom
piloto de tormentas.
Desse ponto de vista, seria até mais
conveniente sacrificar Malan. Poderia
dar a impressão de que o presidente
tem um plano B, qualquer que ele seja,
para retirar o país da situação de encalhe em que se encontra. Mas qual seria a vantagem de trocar um funcionário público padrão por qualquer
outro, que talvez fosse menos padrão,
sem ter uma política alternativa para
executar?
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