São Paulo, Sexta-feira, 13 de Agosto de 1999
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E quem sustenta FHC?

CLÓVIS ROSSI

Bogotá - Bonita a operação "segura Malan" desencadeada pelo Palácio do Planalto, tendo os cabeças de sua base parlamentar como atores coadjuvantes e vocalistas.
Tão bonita quanto inócua. O problema não se chama Pedro Sampaio Malan, mas Fernando Henrique Cardoso. Malan é o funcionário público exemplar, que cumpre as determinações do chefe com o máximo de eficácia e honradez (basta saber que está no governo há seis anos e não foi chamuscado em nenhum dos episódios suspeitos ocorridos nesse longo período, o que é uma façanha em um país como o Brasil).
Pode-se discordar da política econômica, mas atribuí-la unicamente a Malan é o mesmo que achar que jabuti sobe em árvore sem que alguém lá o coloque.
O que o governo precisa mesmo é de uma operação "segura FHC", que está em queda livre faz já algum tempo e não emite sinais de reação.
De nada adianta preservar o ministro da Fazenda se a percepção generalizada é a de que o seu superior não está conseguindo se preservar. É evidente que mexidas no dólar e nas Bolsas têm sempre elevado teor de especulação. Mas elas só se tornam realmente desestabilizadoras quando há um pretexto crível a partir do qual especular.
E o mercado, mais do que mortais comuns, sabe perfeitamente que o problema é a incapacidade que o presidente revela, dia após dia, de ser bom piloto de tormentas.
Desse ponto de vista, seria até mais conveniente sacrificar Malan. Poderia dar a impressão de que o presidente tem um plano B, qualquer que ele seja, para retirar o país da situação de encalhe em que se encontra. Mas qual seria a vantagem de trocar um funcionário público padrão por qualquer outro, que talvez fosse menos padrão, sem ter uma política alternativa para executar?




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