São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

O vermelho e o azul

BRASÍLIA - No saldo da semana entre o primeiro turno e o reinício da propaganda eleitoral gratuita na TV, amanhã, uma coisa é certa: a onda vermelha continua forte, e a azul e amarela não parece ameaçar.
O PT conseguiu com razoável sucesso reunir as oposições em torno de Lula. Estão lá as fotos para comprovar que Ciro, Garotinho, PDT, PPS e PSB fecharam com o petista.
De quebra, o PT tampou o nariz e colheu todos os "vermelhos de raiva" -ACM, os Sarney, o PMDB de Newtão Cardoso, o PTB que foi governo durante sete anos e oposição, de fato, no ano da campanha.
Já FHC e José Serra deram um duro danado, acionando líderes, governadores, partidos, mas nem por isso conseguiram reunir todos os cacos da velha aliança governista para sustentar a candidatura tucana.
Aliás, nem mesmo obtiveram um compromisso firme dos tucanos "dissidentes" Aécio Neves e Tasso Jereissati. Os dois mantêm-se com o PSDB, mas não exatamente com Serra.
O PFL apóia, mas sem se matar. O PMDB, como um queijo suíço. O PPB, sem os caciques Maluf e Delfim Netto. A mais importante manifestação pró-Serra não foi partidária. Foi da Convenção Nacional das Assembléias de Deus. Essa tem peso, "capilaridade" (como dizem os tucanos) e o principal: votos.
O resultado do Datafolha de hoje não só é fortemente a favor de Lula (58 a 32) como é melhor do que a última projeção de segundo turno feita ainda no primeiro (55 a 37). Lula melhorou, Serra piorou.
Para reverter a tendência, Serra tem de correr contra o tempo. Perdeu para Lula em todos os Estados, exceto AL, e surpreendeu em poucos, como RS. Tem de investir, curiosamente, onde o PT é governo, como a capital de São Paulo, RJ, MS e o próprio RS. E onde houve uma certa onda tucana (MG e SP).
Com aliados como esses, Serra precisa muito de FHC. O presidente, porém, sabe que a batalha é inglória. Ajuda como pode, mas mantendo uma providencial ponte com o PT e com Lula. Ou com o futuro.



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