São Paulo, domingo, 13 de outubro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Agora, a lógica é a aposta

SÃO PAULO - Na terça-feira, no primeiro texto publicado neste espaço depois do primeiro turno, ficou registrado que, pela lógica, Luiz Inácio Lula da Silva já era o presidente eleito da República.
Com a ressalva, inevitável, de que lógica e América Latina nem sempre (ou raramente) andam juntas.
A pesquisa Datafolha que este jornal publica hoje demonstra que a ressalva tinha razão de ser, mas não no sentido previsto.
A lógica indicaria que a distância de 23 pontos percentuais que separou Lula de Serra diminuiria pela simples e boa razão de que o balaio de votos do petista já havia sido tão fornido que parecia pouco razoável esperar muitos mais.
Já Serra obtivera tão pouco que, pela lógica, deveria ter mais espaço para crescimento.
Não foi o que aconteceu. Aumentou, em vez de diminuir, a distância entre Lula e Serra. Se, ao terminar o primeiro turno, Serra precisaria ganhar 1 milhão de votos ao dia, grosso modo, para empatar com Lula ao final da corrida, o que dizer agora?
Se o tucano virar o jogo, entrará para os anais da história político/eleitoral como o maior fenômeno de todos os tempos.
Na sexta-feira, falei com um amigo tucano que está vivendo no exterior. Perguntou assim das perspectivas para o segundo turno: "Vai dar a lógica ou ainda é possível um cenário García Márquez?".
Agora, só mesmo um golpe do realismo mágico em que se especializaram García Márquez e outros notáveis escritores latino-americanos fará de Serra o presidente.
É verdade que o horário eleitoral na TV nem começou, o que quer dizer que sempre posso queimar a língua. Mas, insisto, pela lógica, Luiz Inácio Lula da Silva receberá a faixa de Fernando Henrique.



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