São Paulo, quarta-feira, 13 de outubro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

A mulher e a prefeita

SÃO PAULO - Com 48% de "ótimo/ bom" para sua gestão na prefeitura e mais 33% de "regular", Marta Suplicy deveria estar dando um passeio na eleição paulistana. No entanto está sendo torturada.
Não é preciso ser muito esperto para diagnosticar o problema: não é a administradora que está sendo torturada pelos eleitores, mas a pessoa física, a personalidade Marta Suplicy.
Como as pesquisas quantitativas não informam os motivos pelos quais alguém que acha a gestão Marta "ótima/boa" deixa, não obstante, de votar nela, só sobra especular sobre as razões da enorme dificuldade da prefeita de transformar boa opinião do munícipe em voto.
A imagem de arrogante? Pode ser. Mas, convenhamos, essa é uma característica de nove entre dez políticos de relevo no Brasil e no mundo. Pior para Marta: se verdadeira, essa imagem é algo que não dá para mudar do dia para a noite, por muito esforço que empregue toda a sua equipe de marketing.
De todo modo, seria muito pouco razoável supor que a arrogância, suposta ou real, seja por si só o motivo principal para a elevada rejeição da candidata petista.
Tenho a impressão de que o fator básico esteja na vida sentimental, aspecto que nem deveria ser levado em conta, porque não acredito que interfira na capacidade de quem quer que seja de governar uma cidade, um Estado ou um país.
A menos, é claro, que os amores de um político/política sejam tão tormentosos que lhe tirem tempo e energias que deveriam estar sendo dedicados à administração. Não parece ser o caso de Marta.
Mas é lógico supor que o fato de ter se separado de uma figura pública querida como o senador Eduardo Suplicy para casar-se com outro, qualquer que seja, faz com que uma fatia do eleitorado a rejeite inapelavelmente. Como o outro é argentino, a coisa só piora, porque há um preconceito -estúpido, como todo preconceito- contra argentinos.
Eis um desafio que raros marqueteiros conseguem superar.

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