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CLÓVIS ROSSI
A mulher e a prefeita
SÃO PAULO - Com 48% de "ótimo/
bom" para sua gestão na prefeitura e
mais 33% de "regular", Marta Suplicy deveria estar dando um passeio
na eleição paulistana. No entanto está sendo torturada.
Não é preciso ser muito esperto para diagnosticar o problema: não é a
administradora que está sendo torturada pelos eleitores, mas a pessoa física, a personalidade Marta Suplicy.
Como as pesquisas quantitativas
não informam os motivos pelos quais
alguém que acha a gestão Marta
"ótima/boa" deixa, não obstante, de
votar nela, só sobra especular sobre
as razões da enorme dificuldade da
prefeita de transformar boa opinião
do munícipe em voto.
A imagem de arrogante? Pode ser.
Mas, convenhamos, essa é uma característica de nove entre dez políticos de relevo no Brasil e no mundo.
Pior para Marta: se verdadeira, essa
imagem é algo que não dá para mudar do dia para a noite, por muito esforço que empregue toda a sua equipe de marketing.
De todo modo, seria muito pouco
razoável supor que a arrogância, suposta ou real, seja por si só o motivo
principal para a elevada rejeição da
candidata petista.
Tenho a impressão de que o fator
básico esteja na vida sentimental, aspecto que nem deveria ser levado em
conta, porque não acredito que interfira na capacidade de quem quer que
seja de governar uma cidade, um Estado ou um país.
A menos, é claro, que os amores de
um político/política sejam tão tormentosos que lhe tirem tempo e energias que deveriam estar sendo dedicados à administração. Não parece
ser o caso de Marta.
Mas é lógico supor que o fato de ter
se separado de uma figura pública
querida como o senador Eduardo Suplicy para casar-se com outro, qualquer que seja, faz com que uma fatia
do eleitorado a rejeite inapelavelmente. Como o outro é argentino, a
coisa só piora, porque há um preconceito -estúpido, como todo preconceito- contra argentinos.
Eis um desafio que raros marqueteiros conseguem superar.
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