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PAINEL DO LEITOR
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Sem indignação
"Parece que as contínuas transgressões perpetradas por Lula e por
seus assessores mais próximos não
possuem mais a capacidade de indignar os brasileiros.
Apesar de Alckmin ter prestado
um grande serviço à nação ao inquirir certeiramente o presidente nas
questões éticas, as pesquisas pós-debate desdenharam das evidências, revelando um povo sem discernimento e que não sabe mais enxergar a fronteira do certo e do errado."
SERGIO VILLAÇA (Recife, PE)
Palavras
"Há palavras e palavras. Todas fazem parte do vocabulário, mas
umas são mais dignas do que
outras.
Isso bem mostrou a professora
Maria Sylvia de Carvalho Franco
em seu artigo de ontem ("Língua de
trapo", Opinião, pág. A2).
"Cagada", "merda" e "porra", palavrões citados pela colunista, demonstram, segundo ela, os limites
do mundo de Jaques Wagner e de
Lula (ou do lulo-petismo, como
gostam os dessa Folha).
São levianas, é fato. Mas menos,
muito menos terríveis do que "fome", "miséria" e "desemprego", por
exemplo. O "lulo-petismo" não resolveu esses problemas por completo, mas, com certeza absoluta,
fez mais do que seus adversários.
Isso me faz crer que, se as primeiras palavras demonstram o limite
do mundo de Lula, as segundas evidenciam os limites do mundo do
PSDB."
DANIEL HENRIQUE DINIZ BARBOSA
(Belo Horizonte, MG)
"Soberbo o artigo de Maria Sylvia
Carvalho Franco sobre a fala de Jaques Wagner, governador eleito da
Bahia. É de gente com essa categoria que precisamos."
VANDERLEI VAZELESK RIBEIRO (Rio de Janeiro, RJ)
Mercadante
"A respeito da nota "Túnel do
tempo" ("Painel", Brasil, pág. A4,
11/10), para a qual não fui ouvido,
informo que participei da fundação
da CUT como presidente da Associação de Professores da PUC-SP e
como vice-presidente da Andes,
portanto, por delegação de minha
categoria.
Quanto à disputa eleitoral, em
1990, foi Lula o mentor de minha
candidatura a deputado federal. Ao
decidir não disputar novo mandato,
Lula pediu-me que abdicasse de um
período de estudos de dois anos na
Itália e concorresse à Câmara dos
Deputados. Oswaldo Bargas, à época, era secretário-geral da CUT-SP
e participou de minha campanha.
Em 2002, quando concorri ao Senado, as coordenações das campanhas majoritárias no Estado foram
unificadas. Bargas não integrava a
coordenação, mas participou ativamente dela, bem como de todas as
campanhas do PT desde 1982.
Neste ano, por ocasião do depoimento de Luiz Antonio Vedoin no
Conselho de Ética do Senado, Bargas, acompanhado de Expedito Antônio Veloso, que eu não conhecia,
procurou a mim e à senadora Ideli
Salvatti em meu gabinete em Brasília. Ele sugeriu que o PT utilizasse a
audiência para vincular José Serra,
Barjas Negri e Abel Pereira ao "esquema sanguessuga".
Eu não aceitei e pedi aos senadores da bancada que não utilizassem
o Conselho para uso eleitoral, no
que fui atendido.
Por último, destaco que Bargas é
importante historiador do movimento sindical do ABC paulista e
da CUT. Como profissional competente, ele sabe que, apesar de sua
participação nesse lamentável episódio do dossiê, o qual eu jamais
apoiaria ou me associaria, sua contribuição para a construção do PT
e, em especial, da CUT, jamais será
apagada."
ALOIZIO MERCADANTE, senador
pelo PT-SP (Brasília, DF)
Resposta da jornalista Renata
Lo Prete, editora do "Painel" - É
digno de nota que o missivista
revele ter sido procurado por
dois dos homens do dossiê, antes da eclosão do escândalo, para que utilizasse o depoimento
de Luiz Antonio Vedoin no
Conselho de Ética do Senado de
forma a "vincular José Serra ao
esquema sanguessuga".
Usina em Mato Grosso
"Somente as forças tanto invencíveis quanto inconfessáveis dos interesses econômicos e das determinações políticas podem justificar a
realização do leilão de uma usina
hidrelétrica no complexo de cachoeiras de Dardanelos, localizado
no município de Aripuanã ("Usina
em MT consolida crime ambiental",
Dinheiro, 11/10).
A realização de tal leilão, à luz de
tantas e de tão absurdas ilegalidades verificáveis na sua concepção e
no seu desenvolvimento, simplesmente confirma a verdade dos versos de Caetano Veloso -"(...) da força da grana que ergue e destrói coisas belas".
No caso de Dardanelos, com a
desculpa do desenvolvimento e do
progresso, a força da grana promove a destruição de uma beleza natural única, a qual representa a identidade de toda uma comunidade local
e faz parte do patrimônio de toda a
humanidade."
KLEDSON DIONYSIO DE OLIVEIRA (Cuiabá, MT)
Produção científica
"O caderno Mais! de domingo
passado trouxe ótimo artigo do
professor Rogério Cezar de Cerqueira Leite no qual a participação
relativa de artigos brasileiros, chineses e indianos em periódicos internacionais indexados, de 2001 a
2005, serviu para combater um
"mito" sobre o atraso do Brasil em
relação a esses seus dois concorrentes. O autor dá a boa notícia de
que "a comparação em geral com a
China também é claramente favorável ao Brasil".
Seria importante, todavia, que os
leitores fossem alertados para o fato de que se trata de comparação
baseada em índice muito específico
de atividade econômica: a participação do PIB de cada país no PIB
global.
Bastaria que o autor tivesse considerado o PIB per capita para que
chegasse a conclusão bem diferente, pois, em 2003, o PIB per capita
da China foi quase 65% do nosso, e
o da Índia não chegou a 40%.
Houve outro tropeço do ilustre
conselheiro editorial da Folha. Segundo ele, quem conclui "apressadamente que o Brasil está atrasado
em relação a esses dois concorrentes" também afirma que "essa distância deverá aumentar inexoravelmente com o tempo". Nada mais
incorreto.
O que vêm incansavelmente repetindo esses apressadinhos, entre
os quais me incluo, é que a distância não poderá diminuir enquanto a
sociedade brasileira continuar a
dar tão pouca importância a seu
sistema de CT&I e a tratar com tanto desprezo a educação científica.
Enfim, guiar-se pela comparação
do peso relativo de artigos em periódicos à do PIB nacional no mundial é como pilotar avião com transponder desligado."
JOSÉ ELI DA VEIGA, professor titular do
Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração da USP (São Paulo, SP)
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