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CLÓVIS ROSSI
Davos 2 x Porto Alegre 0
SÃO PAULO - Luiz Fernando Furlan,
futuro ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, não é
apenas o presidente da Sadia e um
dos maiores exportadores brasileiros.
É também um homem de Davos.
Lembra-se? É aquele encontro que,
em todo mês de janeiro, se realiza nos
Alpes suíços e que, segundo a demonologia petista, não passa de uma
formidável conspiração dos ricos
contra os pobres.
Furlan não é apenas um homem
qualquer de Davos, um dos quase mil
empresários e executivos que participam do Fórum, mas passam quase
despercebidos. Furlan preside sessões
ou nelas intervém como um dos oradores.
Nada contra Furlan ou Davos. Ao
contrário, respeito muito o executivo
da Sadia, entre várias outras razões
pelo fato de ser um dos raros empresários que sabem como é o mundo e
ergue a voz para defender o que considera interesse do Brasil em todos os
foros internacionais de que participa
(Davos inclusive).
Davos, por sua vez, é para mim
uma espécie de curso de pós-graduação em atualidade internacional que
tenho feito em cada um dos 11 últimos anos. Está muito longe de ser a
conspiração vista, por exemplo, pelo
povo de Porto Alegre.
Para completar a informação sobre
Davos: Henrique Meirelles também é
homem de Davos, embora menos assíduo e menos visível que Furlan.
Ao menos do meu ponto de vista, o
fato de serem ambos participantes do
convescote nos Alpes suíços não os
desqualifica, embora tampouco assegure automaticamente que venham
a fazer belas gestões.
O ponto é outro: perdeu Porto Alegre, o contraponto a Davos que gente
do PT idealizou e construiu.
Pelo menos por enquanto, até que
acumule mais forças, Porto Alegre ficará como a utopia, inalcançável por
definição. O PT está escolhendo o que
Fernando Henrique Cardoso chamava de "utopia do possível".
Resta ver se o conteúdo corresponderá ao rótulo.
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