São Paulo, sexta-feira, 13 de dezembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Davos 2 x Porto Alegre 0

SÃO PAULO - Luiz Fernando Furlan, futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, não é apenas o presidente da Sadia e um dos maiores exportadores brasileiros. É também um homem de Davos. Lembra-se? É aquele encontro que, em todo mês de janeiro, se realiza nos Alpes suíços e que, segundo a demonologia petista, não passa de uma formidável conspiração dos ricos contra os pobres.
Furlan não é apenas um homem qualquer de Davos, um dos quase mil empresários e executivos que participam do Fórum, mas passam quase despercebidos. Furlan preside sessões ou nelas intervém como um dos oradores.
Nada contra Furlan ou Davos. Ao contrário, respeito muito o executivo da Sadia, entre várias outras razões pelo fato de ser um dos raros empresários que sabem como é o mundo e ergue a voz para defender o que considera interesse do Brasil em todos os foros internacionais de que participa (Davos inclusive).
Davos, por sua vez, é para mim uma espécie de curso de pós-graduação em atualidade internacional que tenho feito em cada um dos 11 últimos anos. Está muito longe de ser a conspiração vista, por exemplo, pelo povo de Porto Alegre.
Para completar a informação sobre Davos: Henrique Meirelles também é homem de Davos, embora menos assíduo e menos visível que Furlan.
Ao menos do meu ponto de vista, o fato de serem ambos participantes do convescote nos Alpes suíços não os desqualifica, embora tampouco assegure automaticamente que venham a fazer belas gestões.
O ponto é outro: perdeu Porto Alegre, o contraponto a Davos que gente do PT idealizou e construiu.
Pelo menos por enquanto, até que acumule mais forças, Porto Alegre ficará como a utopia, inalcançável por definição. O PT está escolhendo o que Fernando Henrique Cardoso chamava de "utopia do possível".
Resta ver se o conteúdo corresponderá ao rótulo.


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