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ELIANE CANTANHÊDE
Espanto!
CIDADE DO MÉXICO - Passadas as viagens de FHC a Nova York e de Lula a Washington e à Cidade do México, vale contar que o maior espanto
da comitiva de FHC foi diante da
oferta do PT ao PMDB para que assumisse Transportes e Planejamento.
FHC, como todos em geral, reagiu
com ironia, parecia se divertir. Tucanos provocavam. "Depois de tudo o
que diziam da gente?!", dizia um. "É
assim que eles vão mudar tudo?",
reagia outro. E os próprios peemedebistas pareciam baratas tontas.
O líder Geddel Vieira Lima estava
grudado ao telefone com o Brasil, o
ex-ministro Moreira Franco, com cara de enfado, produzia frases contra
a ida do partido para o novo governo, o presidente do Senado, Ramez
Tebet, doidinho para ficar no cargo.
E por que o espanto? Bem, imagino
que você já deva ter lido por aí e ficado igualmente espantado ou espantada. Mas não custa repisar. O PT
passou esses anos todos da "era FHC"
dizendo cobras e lagartos do presidente e do PSDB por nomearem peemedebistas para os Transportes.
A pasta não só é bilionária, apesar
da buraqueira das estradas, como é
um foco bem conhecido de maracutaias. Tem até um símbolo, o DNER,
que virou uma espécie de "caixa-preta" -ou seria "mala preta"?
Como é que o mesmo PT, que sempre foi vigilante e sempre criticou o
PMDB lá, agora convida o partido
para continuar? Politicamente, continuar é o oposto de mudar.
Quanto ao Planejamento, logo depois da eleição, esse era o cargo talhado para Antonio Palocci, que estudava uma redução dos poderes da Fazenda e uma injeção de forca no Planejamento. A intenção era mostrar
que o governo Lula prestigiaria mais
as estratégias de desenvolvimento do
que a atual política financista, cheia
de números frios e centrada na Fazenda.
Qual o quê! O governo nem tomou
posse, mas Palocci já assumiu o controle da economia, a Fazenda continua fortíssima -e fria- e o Planejamento vai para o PMDB. Ou, pelo
menos, foi oferecido a ele.
Fala sério! Não é um espanto?
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