![]() São Paulo, segunda-feira, 13 de dezembro de 2010 |
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RICARDO YOUNG Governança global A conferência de Cancún foi a conclusão de uma concorrida agenda climática para 2010. Apesar das baixas expectativas, entregou mais do que se esperava, menos do que deveria e mostrou que a governança global implica sim em concessões ao conceito de soberania nacional. Durante a semana, e reforçado pelo apelo dramático do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, havia uma sensação geral de que o que estava sendo colocado à prova na COP-16 não era a capacidade maior ou menor dos países de chegar a um acordo razoável sobre as mudanças climáticas. O que estava sendo colocado à prova era a própria capacidade do sistema multilateral de dar respostas reais às crescentes demandas de uma governança global sem a tutela das outrora grandes potências, a exemplo do Conselho de Segurança da ONU. O grande desafio é a maioridade de um sistema que tem como principal atribuição a arbitragem do que representa "responsabilidades comuns, porém compartilhadas", tratando cada delegação nacional como soberana, mas cada uma, igualmente, indispensável à grande concertação. O fracasso sucessivo na implantação de diversas políticas convencionadas no sistema multilateral, na ultima década, chegou a provocar declarações de que as ONGs e o setor privado deveriam pressionar para mostrar que a sociedade global não toleraria mais um fracasso. Em maior ou menor grau, Cancún mostrou que, apesar dos tímidos avanços, não há como dispensar a participação desses setores nas COP. Assim, quase que de forma caótica, as COP vão desenhando um novo espaço para a expressão das dinâmicas globais. A convergência do mundo multilateral, do setor privado global e das ONGs se tornou inevitável. Durban, fase derradeira do que realmente interessa: a Rio +20, convoca a todos para um engajamento ainda mais radical para o desenlace positivo de um acordo duradouro já em 2011. As sementes desta possibilidade estão contidas no precário acordo de Cancún, mas não fertilizarão sem o cuidado zeloso de todas as partes interessadas. Assim, alvissareira foi a ideia da União Global pela Sustentabilidade, que surgiu como uma possibilidade real de convergência. ONGs e empresas brasileiras, em parcerias com organismos internacionais, estão propondo uma reunião preparatória para a Rio +20 em setembro de 2011, com o objetivo de demonstrar que, enquanto os delegados arrancam acordos a fórceps, a sociedade civil mundial e o setor privado já têm os elementos fundamentais para balizar uma nova economia de baixo carbono. RICARDO YOUNG escreve às segundas-feiras nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Vizinho destrambelhado Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES: José Afonso da Silva: Complexo do Alemão Índice | Comunicar Erros |
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