São Paulo, quarta-feira, 14 de janeiro de 2004 |
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IGOR GIELOW O fator Ciro
BRASÍLIA - Volta e meia circula nos meios políticos em Brasília algum rumor sobre Ciro Gomes. Já foi de tudo:
titular em alguma pasta econômica,
candidato a vice de Lula em 2006.
Com a reforma ministerial ora em
curso, não está sendo diferente.
Há um motivo claro para isso. Ciro
é um político jovem, com potencial
eleitoral e, raridade no deserto, algumas idéias próprias -ou apropriadas, no caso isso pouco importa.
Não são poucos os que se surpreenderam com seu silêncio em 2003,
quando foi o mais manso dos ministros de Lula. Do tipo que não dá
manchete. Nem parecia o ministro
da Fazenda arrogante de outrora ou
o candidato de língua afiada.
Não há nada de anormal. Trucidado no pleito de 2002, após até ter figurado como o "anti-Lula", o ministro
submergiu de forma calculada. Sem
marola, recolheu elogios por sua postura "leal", palavra que tem especial
peso no politiquês do presidente.
Agora, poderia ser recompensado.
Na Integração Nacional, Ciro não
brilhou, mas não deu vexame. Alguns destinos lhe são especulados, como o Planejamento ou a nova pasta
da área social. Em ambos os casos, o
fato de ele ter as tais idéias próprias
pesa a favor -e contra também. Dificilmente o chamado núcleo duro do
poder petista aceitaria uma voz "de
fora" que ganhasse destaque político.
Já ficar na Integração, embora desagrade ao PMDB, daria a Ciro a
chance de executar a prometida
transposição do rio São Francisco e
um sem-número de obras em regiões
pobres num ano eleitoral. Para ele, o
risco é ficar marcado como ministro
do Nordeste, circunscrito politicamente. Justamente o que muitos no
PT e no Planalto gostariam.
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