São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Nação indecente
"Brilhante e absolutamente assustador o artigo "O Brasil ilegal" de Joaquim Falcão ("Tendências/Debates", 12/2). Mais assustadora é a sensação de que nossos governantes do passado e atuais não se movem para mudar essa terrível situação. Nunca seremos uma nação decente."
Fabio Morganti (São Paulo, SP)

Prefeitura
"O texto "Dívida de SP supera limite pelo segundo ano" (Cotidiano, 10/2) errou ao informar que a prefeita Marta Suplicy estaria descumprindo a lei. A resolução nº 20, publicada pelo Senado em novembro de 2003, amplia o prazo e suspende a obrigatoriedade de cumprimento dos limites de endividamento estabelecidos pela resolução nº 40, de 2001. De acordo com a nova resolução, os Estados, os municípios e o Distrito Federal têm até 30 de abril de 2005 para se ajustar aos limites fixados. Essa informação foi passada ao jornalista, mas o jornal até o momento não publicou a correção necessária."
Bárbara Bortolin, assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Finanças e Desenvolvimento Econômico de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Roberto Cosso - O fato de os prazos terem sido prorrogados não significa que a prefeitura esteja cumprindo a resolução. O próprio Orçamento municipal deste ano prevê apenas o pagamento da correção monetária da dívida, sem destinar verbas para os juros. Dessa forma, a dívida municipal em 2005 continuará excedendo os limites da resolução nº 40, de 2001. Os leitores da Folha tiveram conhecimento da resolução nº 20, de 2003, na edição de 7/11/2003.

Leite
"Não sei quanto tempo esperei para escrever esta carta, mas sabia que um dia a escreveria. Alguém se lembra da época em que as cooperativas e outros laticínios pagavam de R$ 0,28 a R$ 0,32 pelo litro de leite ao produtor e a Parmalat baixou o preço pago ao produtor naquele pequeno município lá dos cafundós de Minas Gerais para R$ 0,18 e chegou até a R$ 0,12 por litro? Eu sou sou um daqueles produtores, quer dizer, eu era, pois, quando o valor chegou a R$ 0,18, eu deixei de entregar (doar!) leite à Parmalat. Fico imaginando o quanto a empresa deveria pagar pelo leite tirado na época das águas em Goiás, no Acre, em Rondônia, em Pernambuco e em outros cafundós de Minas Gerais, onde podiam esfolar os pequenos produtores. Agora não adianta oferecer preço melhor ao leite dos cabeças de linha (cabeça de linha é aquele que produz mais próximo do roteiro do caminhão), como era o costume. Alguém já imaginou o mal que isso causou aos pecuaristas de leite e ao país?"
Marco Antônio Soares, médico veterinário e fazendeiro (São José dos Campos, SP)

Escravos urbanos
"No "Painel do Leitor" de 20/1, Paulo Roberto Leme mostrou que o avião de Lula vai custar cerca de R$ 160 milhões, a Petrobras gastou R$ 50 milhões para comemorar seus 50 anos, o Congresso Nacional, com a convocação extraordinária, também vai gastar R$ 50 milhões e, finalmente, que a prefeita de São Paulo gastou em três anos R$ 136 milhões em publicidade. Há outras ocorrências semelhantes. O presidente Lula, se viu, não deu nenhuma importância a reportagens que mostraram pessoas indo a pé para o trabalho para não pagar passagem de ônibus. O senhor Antonio, aqui do começo da favela, comemorou os seus 50 anos com um frango ensopado e farofa. No Congresso Nacional, vemos um político dormindo no plenário, com preguiça de contar o que está ganhando. E, aqui em São Paulo, não se pode dormir para não morrer afogado. Não é só nas regiões rurais que existem escravos."
Arthur Groke (São Paulo, SP)

China
"Em relação às palavras do senhor Chen Ming-tong ("Taiwan quer mandato popular para negociar", Mundo, 11/2), vice-ministro de Taiwan para Assuntos sobre a China Continental, a Embaixada da República Popular da China no Brasil considera haver a necessidade de esclarecer aos leitores, por intermédio do jornal, a posição séria e justa do governo chinês na questão de Taiwan. Todas as histórias e legislações sobre Taiwan justificam que essa é uma parte inalienável do território chinês desde a Antiguidade. No dia 1º de outubro de 1949, foi proclamada a fundação da República Popular da China, e o Grupo Chiang Kai-shek fugiu para Taiwan, causando assim o estado de separação temporário entre Taiwan e a pátria. Em outubro de 1971, a 26ª Assembléia Geral da ONU aprovou a resolução nº 2758, expulsou o representante das autoridades de Taiwan da organização, composta por países soberanos, e restaurou o assento e todos os direitos e interesses legítimos da República Popular da China na ONU, resolvendo assim, no aspecto jurídico e político, a questão do status de Taiwan. Até o momento, 163 países, incluindo os EUA, o Reino Unido e o Japão, mantêm relações diplomáticas com a República Popular da China, reconhecem o princípio de uma China só e comprometem-se a tratar as suas relações com Taiwan dentro do quadro de uma China só. As autoridades de Taiwan, tal como o Chen Shui-Bian, alegaram que realizariam o chamado "referendo preventivo" no dia 20 de março do ano corrente -com o objetivo verdadeiro de praticar as atividades separatistas sob o pretexto de referendo. Essas arriscadas atividades separatistas constituem uma provocação severa ao 1,3 bilhão de chineses, inclusive os compatriotas de Taiwan, e introduzem uma ameaça grave à paz e à estabilidade na região de Taiwan e até na região Ásia-Pacífica. Os líderes do governo chinês já declararam claramente que o povo chinês irá, a qualquer custo, salvaguardar a reunificação da pátria e a integridade territorial. Recentemente, os principais países do mundo, incluindo os EUA e a França, já se manifestaram contrariamente a qualquer tipo de referendo que possa alterar o status de Taiwan e caminhar à "independência de Taiwan". Desde o estabelecimento de relações diplomáticas com a China, em 1974, os sucessivos governos do Brasil têm persistido na posição de "o governo da República Popular da China é o único governo legítimo da China, e Taiwan é uma parte da China". Esperamos que a Folha possa ter uma opinião correta sobre a questão de Taiwan e salvaguardar as relações amistosas entre os povos chinês e brasileiro."
Shang Deliang, conselheiro de imprensa da Embaixada da República Popular da China no Brasil (Brasília, DF)

Dois pesos e duas medidas
"A Folha tem em seus procedimentos uma suposição de imparcialidade que nem sempre condiz com a realidade. Formas sub-reptícias de passar a "opinião" do editor às vezes ficam evidentes. De fato, soa curioso o fato de que, nos textos do jornal, as atribuições e responsabilidades da Casa Civil sejam sempre substituídas pelo termo "poderes", como na reportagem "Reunião ministerial servirá para explicar novos poderes de Dirceu" (Brasil, 6/2). A legislação trata as atribuições dos ministérios como "competências", e o dicionário "Aurélio" não contempla a palavra "poder" como sinônimo de "competência". O jornal parece querer insinuar algo, já que as atribuições de outras pastas, que são igualmente responsáveis e autônomas em suas áreas, não são tratadas pela Folha como "poderes". Fica evidente que a diferenciação feita não contribui para a boa informação."
Luiz José Bueno de Aguiar (São Paulo, SP)


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