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ALÍVIO E CAUTELA
Depois de esboçar-se no início
do mês, ganhou força ontem
uma nova onda de melhora de humor do mercado financeiro, tanto
doméstico como internacional, em
relação ao Brasil. Nenhum dos segmentos do mercado financeiro deixou de participar. Em um único dia,
a cotação do dólar cedeu perto de
2%, chegando às proximidades de
R$ 3,40, o que não ocorria desde 20
de janeiro. A Bolsa de São Paulo e a
cotação dos títulos da dívida externa
brasileira tiveram altas relevantes; e o
risco Brasil recuou para o nível mais
baixo desde junho do ano passado.
Em parte o alívio adveio de fatores
externos: as Bolsas da Europa e dos
EUA tiveram altas muito vigorosas,
que alguns analistas atribuíram à
avaliação de que sua brusca queda
nas semanas anteriores havia sido
exagerada, e outros imputaram à impressão de que a guerra no Iraque será breve ou nem chegará a eclodir.
Mas, na melhora de humor em relação ao Brasil, também pesaram fatores internos, sobretudo os índices
de inflação divulgados nesta semana, que pela primeira neste ano ficaram abaixo das projeções do mercado.
Sem dúvida trata-se de notícias positivas, mas a sensação de alívio deve
ser dosada pela lembrança de que os
ativos brasileiros (como as ações, os
títulos de dívida externa e o real) ainda estão demasiadamente desvalorizados. Há um longo e incerto caminho a trilhar até que esses ativos recuperem valores que reflitam uma situação de "normalidade" da economia e das finanças do país.
Se a melhora de humor não for revertida até o dia 19 deste mês, quando o Banco Central se reúne para decidir a taxa de juros básica que será
praticada nas próximas cinco semanas, talvez, pela primeira vez desde
setembro do ano passado, as empresas e os consumidores sejam poupados de mais um aumento de juros.
Lamentavelmente, embora só faltem cinco dias para a reunião do BC,
a incerteza -especialmente quanto
ao quadro internacional- continua
tão grande que não se pode ter a menor segurança quanto à interrupção
da alta de juros.
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