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São Paulo, sexta-feira, 14 de março de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Distrito Federal
"A respeito de três notas publicadas na edição de 10/3 da coluna "Painel", quero fazer algumas considerações. Primeiro, o governador Joaquim Roriz nunca aventou com quem quer que seja a hipótese de renúncia, haja vista as mais recentes decisões tomadas por ele. Primeiro, decidiu afastar-se do governo do DF por 15 dias para gozo de merecidas férias depois de ininterruptos 14 anos de serviços prestados à causa pública. Segundo, numa demonstração de respeito e na certeza de que nada deve à Justiça, o governador quebrou antecipadamente seus sigilos bancário e fiscal. Mais ainda. Contratou dois renomados advogados -Pedro Gordilho e Nélio Machado- para acompanhar, respectivamente, os processos que lhe são movidos por razões meramente partidárias no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ora, se o governador quisesse fugir da Justiça, não seria necessário tal expediente. Bastaria renunciar (como sugere o criativo colunista da Folha). Lamentavelmente, a informação do "Painel" é um "off", numa clara demonstração de que serviu a interesses de quem prefere a sombra à luz, dos que optam pela "plantação" em vez da sustentação de argumentos. Ou melhor, dos ressentidos que não aceitam o veredicto das urnas. Estranhamos ainda que o colunista, ignorando o princípio elementar do jornalismo -o de apresentar as possíveis versões de uma informação contraditória-, não tenha sequer cumprido com o que havia se comprometido no mesmo dia da publicação das notas: a dar "o outro lado", prática rotineira e respeitosa entre os atores e os produtores de informação. E isso na Folha, um jornal que tem história e inúmeros serviços prestados à causa democrática."
Paulo Fona, secretário de Comunicação do governo do Distrito Federal (Brasília, DF)

Resposta do jornalista Rogério Gentile, editor do "Painel" - O outro lado cobrado pelo missivista foi publicado na mesma edição da veiculação da notícia. A informação de que Roriz cogita renunciar para fugir da possibilidade de ser cassado e de ter seus direitos políticos suspensos foi apurada com assessores do próprio governador.

Sem medo de governar
"Primeiro, foi "sem medo de ser feliz". Depois, veio "a esperança venceu o medo". Palavras de ordem (ou seriam apenas bordões?) usadas nas derrotas e, agora, na vitória. Que tal agora usar "sem medo de governar'? Enquanto FHC mandou que se esquecesse o que escrevera (o que foi fácil), o PT e seus dirigentes fazem hoje um mea culpa, deixando perpassar um sentimento de ridículo e de engodo. Pobre, Brasil!"
José Ralf de O. Campos (Bauru, SP)

Incoerência
"De um lado, o MST combate os latifúndios (batalha pela limitação das propriedades em, no máximo, 35 hectares). Do outro, o governo, agressivo, visando à abertura dos mercados europeus e norte-americanos aos nossos produtos agropecuários, luta contra as barreiras que nos são impostas e contra os subsídios aos nossos concorrentes. Os dispendiosos assentamentos até hoje só serviram -com raras exceções- como amparo social, pois, na prática, apesar da constante e generosa ajuda, os assentados mal obtêm da terra o próprio sustento. Enquanto isso, as grandes propriedades adaptam-se à realidade, produzindo em larga escala e propiciando-nos superávits comerciais. Será que fracionando os latifúndios continuaremos tão produtivos e competitivos?"
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)

Tráfico
"É luminoso o artigo "Repensando o tráfico", de Arnaldo Malheiros Filho ("Tendências/Debates", pág. A3, 12/3). Começamos a ver luzes no fim do túnel no combate ao tráfico. Urge mesmo que se faça uma revisão racional do modelo de repressão ao narcotráfico, que deve ser desatrelada da forma americana, obtusa e comprovadamente ineficaz. O Brasil precisa dotar os seu conselhos federais e estaduais de combate à droga de profissionais competentes: médicos, sociólogos, antropólogos, juristas e filósofos com uma visão moderna."
Maria Rita Murano Garcia (Campo Grande, MS)

"Enquanto houver consumo de drogas, o poder do tráfico irá manter-se inabalável. Os usuários de drogas não são vítimas, são cúmplices dos traficantes, portanto devem ser rigorosamente punidos."
Flávio Mitsuhiro Ota (Campinas, SP)

Caos generalizado
"Acho equivocado o comentário do leitor Marcelo Concilio ("Painel do Leitor", 11/3). As Forças Armadas não são um singelo tapa-buraco. Cada órgão deve desempenhar as suas determinadas funções na sociedade. Confundir guerra militar com guerra urbana é a prova concreta e final do caos generalizado. Colocar o Exército nas ruas é, acima de qualquer segurança ilusória, aceitar as atitudes insatisfatórias e o esquema corrupto de certos policiais. É render-se ao tráfico armado, que está impondo as regras no país. E, sobre o fato de voltar ao passado com o argumento de que os militares foram ditadores cruéis, é puro revanchismo descabido. Isso é um fato, mas que já passou."
Vítor Silva Meireles (Cuiabá, MT)

Riqueza dos outros
"O mais absurdo e irônico sobre essa estapafúrdia guerra contra o Iraque é o fato de que os principais aliados europeus são ex-colonialistas da pior estirpe. Essas nações tiveram a grande oportunidade de construir um mundo melhor, mas, em vez disso, pilharam, mataram e ridicularizaram as suas colônias. Enriqueceram de maneira fácil e até hoje ainda usam essas riquezas para explorar as antigas colônias. Antevendo mais uma oportunidade para subtrair indevidamente a riqueza dos outros, não hesitam em dar apoio a um dirigente sem escrúpulos."
Cloves Soares de Oliveira (Valinhos, SP)

Nova ordem
"A revista "Isto É" publicou em seu site que o dólar está sendo recusado na Europa. É possível entender Bush após ler essa notícia. Há de ser criada uma nova ordem mundial. Em que o lucro e o trabalho andem juntos. Em que o ser humano seja posto como fundamental à sobrevivência de nossa sociedade. Em que os países do Terceiro Mundo achem seu próprio caminho para que todos tenham chance de viver com decência e dignidade."
Rodrigo Carvalho (Belo Horizonte, MG)

Guerra
"O texto de Alfredo Valladão de 9/3 ("Brasil deveria apoiar resolução com ultimato a Bagdá", pág. A18) trouxe o assunto para mais perto de nós sob uma ótica própria. O artigo é pró-guerra e descarta até a validade de uma paz de última hora, atribuindo a ela malefício maior por incentivar outros países a se tornarem outros Iraques. É opinião bastante própria, e não diz muito sobre o futuro da ONU e da própria humanidade no caso de vitória unilateral dos EUA. Aconselha um tanto cinicamente o Brasil a perfilar-se ao lado de Bush principalmente para ganhar credibilidade econômica internacional e para não se arriscar a ficar mal com a potência hegemônica. Outra opinião discutível. É que estaríamos contra a França, a Alemanha, a Rússia, a China e muitos outros, que talvez possam fazer mais pelo Brasil do que os Estados Unidos."
Antonio do Vale (São Paulo, SP)


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