São Paulo, quarta-feira, 14 de abril de 2004

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POR UM ALENTO

Hoje o Banco Central (BC) divulgará a taxa de juros básica que irá vigorar nas próximas cinco semanas. Entre bancos e consultorias, é quase consensual a expectativa de uma redução mínima da taxa Selic, de 0,25 ponto percentual. Os reclamos de lideranças políticas, sindicais e do setor produtivo por uma redução maior são veementes. E têm fundamento. O BC justifica sua extrema parcimônia na redução dos juros básicos com base em sua avaliação do balanço entre dois riscos: o de descumprir a meta de inflação e o de prejudicar desnecessariamente a retomada do crescimento econômico.
Se fizer uma leitura cuidadosa dos indicadores relativos ao comportamento da inflação, do mercado de trabalho e da atividade econômica, o BC encontrará elementos que o autorizam a promover corte bem mais pronunciado do que o previsto.
De acordo com a Fipe, no período de 30 dias encerrado em 7 de abril, a inflação ao consumidor em São Paulo refluiu para apenas 0,06%, a taxa mais baixa em oito meses. Embora mais intenso na capital paulista, não se trata de movimento isolado: também a FGV captou, em 12 capitais e num período similar, inflação ao consumidor em queda.
Ao lado disso, a atividade produtiva ainda carece de dinamismo mais firme. Atestam isso, sobretudo, os números relativos ao desemprego, ainda muito adversos, e à produção industrial, que em fevereiro amargou o terceiro mês consecutivo de retração.
Também o contexto internacional abre espaço para corte maior dos juros, pois mantém-se muito favorável tanto à alta das nossas exportações como à atração de capitais.
É possível que o ambiente global se torne menos propício em breve, pois a força do crescimento nos EUA pode levar o seu banco central a elevar os juros, hoje extraordinariamente baixos. Isso poderá criar constrangimentos ao ritmo de redução das taxas no Brasil. Mas essa perspectiva não justificaria deixar de aproveitar a janela de oportunidade que está aberta para nosso BC dar um alento à atividade econômica.


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