|
Próximo Texto | Índice
POR UM ALENTO
Hoje o Banco Central (BC) divulgará a taxa de juros básica
que irá vigorar nas próximas cinco
semanas. Entre bancos e consultorias, é quase consensual a expectativa
de uma redução mínima da taxa Selic, de 0,25 ponto percentual. Os reclamos de lideranças políticas, sindicais e do setor produtivo por uma redução maior são veementes. E têm
fundamento. O BC justifica sua extrema parcimônia na redução dos juros básicos com base em sua avaliação do balanço entre dois riscos: o de
descumprir a meta de inflação e o de
prejudicar desnecessariamente a retomada do crescimento econômico.
Se fizer uma leitura cuidadosa dos
indicadores relativos ao comportamento da inflação, do mercado de
trabalho e da atividade econômica, o
BC encontrará elementos que o autorizam a promover corte bem mais
pronunciado do que o previsto.
De acordo com a Fipe, no período
de 30 dias encerrado em 7 de abril, a
inflação ao consumidor em São Paulo refluiu para apenas 0,06%, a taxa
mais baixa em oito meses. Embora
mais intenso na capital paulista, não
se trata de movimento isolado: também a FGV captou, em 12 capitais e
num período similar, inflação ao
consumidor em queda.
Ao lado disso, a atividade produtiva
ainda carece de dinamismo mais firme. Atestam isso, sobretudo, os números relativos ao desemprego, ainda muito adversos, e à produção industrial, que em fevereiro amargou o
terceiro mês consecutivo de retração.
Também o contexto internacional
abre espaço para corte maior dos juros, pois mantém-se muito favorável
tanto à alta das nossas exportações
como à atração de capitais.
É possível que o ambiente global se
torne menos propício em breve, pois
a força do crescimento nos EUA pode levar o seu banco central a elevar
os juros, hoje extraordinariamente
baixos. Isso poderá criar constrangimentos ao ritmo de redução das taxas no Brasil. Mas essa perspectiva
não justificaria deixar de aproveitar a
janela de oportunidade que está
aberta para nosso BC dar um alento à
atividade econômica.
Próximo Texto: Editoriais: AS NOVAS AGÊNCIAS Índice
|