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Editoriais
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Cabide parlamentar
PARECE ilimitada a desfaçatez no Congresso Nacional.
Descobre-se agora que a
criação de quatro novas vagas de
deputado federal -que representariam brasileiros domiciliados no exterior- é apenas a cereja de um bolo bem maior. Políticos estudam, também, a implantação de outros 75 cargos eletivos federais.
O propósito seria dotar com
representantes remunerados o
Parlamento do Mercosul. Numa
conta aproximada, o custo extra
do trem da alegria -somados o
vagão "brasuca" e o sul-americano- superaria R$ 100 milhões
anuais.
Atualmente o órgão do Mercosul tem um orçamento anual de
R$ 2,2 milhões e dispõe de 18 representantes provisórios de cada
país. No caso do Brasil, são nove
deputados e nove senadores, que
não ganham salário extra.
O protocolo constitutivo do
Parlamento, de 2005, prevê que
a partir de janeiro de 2011 ele
contará com membros eleitos. O
Brasil propõe a criação de 75 cadeiras para o país, mas os números definitivos ainda são negociados pelos países-membros.
Não se sabe se o bloco regional
levará adiante a proposta original, pelo menos no cronograma
acordado. Mas tamanha oportunidade era tentadora demais para que alguns congressistas a deixassem escapar.
Quando os principais sócios do
Mercosul, Brasil e Argentina, se
desentendem no básico -as regras para o livre comércio-, imitar a União Europeia e implantar
um Parlamento regional é um
despropósito quase anedótico.
Quando o Congresso brasileiro é
palco de todo tipo de escândalo e
abuso das verbas públicas, cogitar da criação de mais 79 postos
remunerados é de um sarcasmo
a toda prova.
O momento é de sobriedade:
de enterrar a proposta da "bancada brasuca" e de, no mínimo,
postergar a criação de cargos eletivos para o Mercosul.
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