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CORTAR OS JUROS
A cotação do dólar caiu 19%
desde o final de fevereiro. A demanda doméstica está muito fraca, e
a inflação, em franca desaceleração.
Os sinais de que está mais do que na
hora de o Banco Central (BC) começar a reduzir a taxa de juros básica se
multiplicam e se aprofundam.
Em grande medida, a queda do dólar está sendo alimentada por fortes
entradas de capitais de curto prazo (o
chamado "hot money"). Esses capitais afluem ao país para usufruir da
excepcional remuneração propiciada
pela taxa de juros básica, que se encontra em nível 20 vezes mais alto do
que o praticado nos EUA e dez vezes
superior ao vigente na Europa.
Cresce a preocupação de que a revalorização do real -cômoda a curto prazo, por ajudar a conter a inflação- prejudique, mais à frente, a capacidade do país de continuar a gerar
grandes saldos positivos na balança
comercial. Cortar os juros seria uma
maneira de dosar as entradas de "hot
money" e, portanto, de conter a revalorização do real.
Muitos avaliam que a atividade econômica já passou da estagnação à retração. Os custos financeiros que sufocam a atividade produtiva vão muito além dos 26,5% ao ano da taxa de
juros básica. Segundo o BC, em março o custo do crédito ofertado pelos
bancos às empresas se situou em
média em 37,9% ao ano; no caso das
pessoas físicas, esse custo era extremamente mais alto: 87,3% ao ano.
Reduzir a taxa de juros básica evidentemente é um requisito para que
o custo do crédito possa transitar do
seu atual nível, insuportável, para um
patamar compatível com a retomada
da demanda interna.
A inflação está retrocedendo nitidamente. Não há evidências de reindexação de salários -o que não surpreende, dado o nível muito alto do
desemprego. É crescente a confiança
na perspectiva, tranquilizadora, de
que a inflação voltará a ficar abaixo
de 10% em 2004.
Em suma, nada justifica que o BC,
em sua reunião do próximo dia 21,
deixe de cortar os juros.
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