São Paulo, sexta-feira, 14 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

"The New York Times"
"Perfeitas as considerações do jornalista André Singer, porta-voz da Presidência da República, no artigo "Uma reação à altura" ("Tendências/Debates", pág. A3, 13/5). O jornal "The New York Times" não deu a devida atenção ao embaixador brasileiro nos EUA e mereceu a ação contra o seu representante, que, indiscutivelmente, mascarou a reportagem ofensiva ao presidente Lula com fotos conhecidas pertinentes a um evento típico -sendo a cerveja a rainha daquela festa, seria cômico estar o presidente portando um copo de refrigerante. Certas coisas merecem resposta imediata de quem tem o poder para tal. Não teria cabimento esperarmos que a Justiça americana, ou mesmo a brasileira, fosse tomar tempestivamente, como o caso merece, uma atitude contra o jornal norte-americano. Já é tempo de considerar que nem tudo é medida ditatorial, e sim de quem foi eleito pelo povo para exercer sua autoridade. Se a lei não é boa, primeiro se mude a lei, que não tem favorecido um jornalismo isento, mas, sim, jornalistas que praticam suas ideologias."
Paulo Marcos Gomes Lustoza, capitão-de-mar-e-guerra da reserva (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Que o texto do "New York Times" assinado por Larry Rother é insignificante, ofensivo e de mau gosto ninguém tem dúvida, mas a desastrada assessoria do presidente Lula e a arrogância e arbitrariedade de alguns dos mais importantes líderes do Planalto, de conhecida prática stalinista, conseguiu inverter o centro da discussão e jogar toda a opinião pública internacional contra o governo do Brasil. A expulsão do jornalista americano é uma decisão burra, equivocada e põe em dúvida o "espírito democrático" de nossos atuais governantes. José Dirceu, Frei Betto, José Genoino e companhia acabam de colocar Lula ao lado do general Emílio Garrastazu Médici como os únicos presidentes da história a adotar esse tipo de medida. E o pior é que temas importantes para o país, como o salário mínimo, a projeção de nova alta nos juros e as reformas sindical e trabalhista, ficam em plano secundário na pauta da grande mídia."
Carlos Vasconcellos (Rio de Janeiro, RJ)

 

"Já passava da hora de parar de estender tapete vermelho e de buscar saber exatamente a serviço de quem alguns "correspondentes estrangeiros" atuam neste país."
Paulo de Tarso Porrelli (Florianópolis, SC)

 

"É lamentável, em todos os aspectos, a decisão do governo Lula de expulsar o correspondente do jornal "The New York Times". Trata-se de uma grave ameaça à liberdade de imprensa, perpetrada exatamente por um governo que abriga vários políticos que foram perseguidos na época do regime militar. Pelo visto, em nome de uma soberania absurda, o Brasil não pratica uma democracia plena -como todos esperavam desse governo parcial. A notícia vai correr o mundo, deixando o país numa situação vergonhosa. Estamos todos de ressaca."
Xavier Neto (Brasília, DF)

 

"Por mais que o porta-voz André Singer queira justificar a expulsão do jornalista norte-americano, ele não me convenceu. Prefiro ficar com aqueles que pensam que Lula, sentindo-se ofendido, poderia tranqüilamente abrir um processo judicial contra o jornalista. Também poderia fazer o mesmo lá nos EUA e até pedir uma indenização daquelas de quebrar tanto o autor do texto como o jornal. O problema é que, agora, Lula julga-se uma entidade sagrada, acima dos mortais comuns. Mas falta-lhe um mínimo de jogo de cintura para não engolir iscas como essa. É coisa de político deslumbrado com o poder -e a atitude da expulsão só confirma isso. Se reportar situações que mostram políticos bebendo fosse tão importante assim, Yeltsin teria quebrado a Rússia tantas foram as vezes em que foi flagrado "fora de esquadro", fazendo a festa dos jornalistas fofoqueiros."
Laércio Zanini (Garça, SP)

 

"Longe de mim defender maus jornalistas, mas a pergunta é a seguinte: o que o governo faria se o autor da reportagem, em vez de trabalhar para o "New York Times", fosse brasileiro e trabalhasse na imprensa nacional? O governo parece estar perdido."
Simone Cruz (São Paulo, SP)

 

"O senhor André Singer é contraditório ao tentar justificar a expulsão do jornalista do "New York Times". Como ele mesmo relatou, "é por isso que os jornalistas, de acordo com a legislação brasileira, têm de responder na Justiça quando acusados de cometer um desses três crimes". Logo a decisão do governo não deveria ser a da expulsão, mas, sim, o caminho da Justiça, o que refletiria a conduta democrática do Palácio do Planalto perante o mundo."
Cássio Camilo Almeida de Negri (Piracicaba, SP)

 

"Espanta-me o corporativismo da imprensa. De repente, a vítima tornou-se réu. Por analogia, repete-se a máxima "em caso de assalto, não reaja". Pois o presidente reagiu -corretamente- e passou a ser agressor. A medida não foi contra a imprensa, mas contra um incompetente jornalista, que deu ouvidos demais a Diogo Mainardi e a Leonel Brizola. Eu, como brasileiro, senti-me ofendido. E o gesto do presidente atendeu às minhas expectativas. Liberdade de imprensa tem como limite a responsabilidade. Além disso, é chicanice."
Rodrigo De Filippo (Rio de Janeiro, RJ)

Haiti
"Mais uma das peripécias e demonstração de inépcia do governo Lula. No texto "Brasil usa soldo para pagar missão no Haiti" (Mundo, 13/5), o senhor ministro da Defesa afirma que vai reduzir o soldo dos militares em missão no exterior e, assim, o gasto cairá 46%. Ora, causa estranheza que o ilustre ministro desconheça a Constituição Federal. O artigo 37, no inciso XV, diz que os vencimentos dos servidores públicos, civis e militares, são irredutíveis. Portanto é inconstitucional essa pretensa decisão, mesmo com a justificativa de que tem o aval das Forças Armadas. Duvido de que os militares participantes concordem com essa famigerada idéia. Quem vai para uma missão como essa, vai decidido a se expor a tudo para dar à família, amanhã, dias melhores. Ninguém vai simplesmente "por ir". Digo isso com convicção, pois servi no Exército durante 30 anos. Em todas as missões desse tipo no exterior, os militares recebem em dólar pelos serviços que prestam, sem prejuízos nos vencimentos daqui. Se essa ideiazinha vingar, será fazer cortesia com chapéu alheio."
João Carlos Gonçalves Pereira (Lins, SP)

Irresponsabilidades
"Um salário mínimo acima de R$ 260 é uma irresponsabilidade contra as finanças públicas, mas os juros altos que vêm sendo praticados há vários anos a ponto de deixar o país curvado na mão de especuladores não são? Os responsáveis pelas finanças públicas do país deveriam fazer questão de pagar juros que coubessem dentro das possibilidades da economia, assim como fazem com o reajuste do salário mínimo. Com certeza teríamos uma economia mais ativa para todos usufruírem. O vice-presidente José Alencar deveria ser mais ouvido."
José Luis Bartolomeu (São Paulo, SP)


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