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Muda o clima nos EUA
QUALQUER que seja o candidato democrata ou o próximo presidente eleito
nos Estados Unidos, a política
americana sobre aquecimento
global vai mudar, talvez até radicalmente. A era George W. Bush
de negação acabou, a julgar por
um surpreendente discurso do
candidato republicano John
McCain.
"Não permitirei que oito longos anos se passem sem uma
ação séria acerca de desafios sérios", disse McCain em Oregon.
"Fomos alertados por cientistas
do mundo todo, sérios e com credibilidade, de que o tempo é curto e os perigos são grandes."
Esta não é a primeira vez que
McCain ultrapassa Bush acerca
da gravidade da mudança climática. A novidade reside em ele ter
explicitado metas de um plano
para reduzir a contribuição de
seu país para o agravamento do
efeito estufa. A queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural) pela economia
americana emite mais de um
quinto dos compostos de carbono gerados por atividade humana que retêm calor na atmosfera.
McCain propõe que as emissões americanas sejam reduzidas em 60% até o ano 2050, tomando por base os níveis de
1990. Tendo em vista que elas já
progrediram pelo menos 16%
desde então, parece uma meta
ambiciosa -e decerto a anos-luz
de Bush, que se opunha a qualquer compromisso. O plano
McCain empalidece, contudo,
diante do corte de 80% proposto
por ambos os pretendentes democratas, Barack Obama e Hillary Clinton.
É remota, porém, a perspectiva
de alteração na política de proteção ao álcool de milho produzido
nos EUA. Todos os pré-candidatos admitem rever as metas de
Bush para substituir petróleo
por álcool (neste ano seriam 34
bilhões de litros) a fim de diminuir a pressão sobre os preços de
alimentos. Mas ficam por aí.
Bem melhor para o livre comércio e o clima do planeta seria
eliminar a tarifa de 14 centavos
de dólar sobre o litro de álcool de
cana brasileiro, cinco vezes mais
eficiente que o de milho para reduzir a emissão de compostos de
carbono. Mas aí já seria esperar
demais da racionalidade dos políticos norte-americanos.
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