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PAINEL DO LEITOR
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Marina Silva
"Triste. Assim recebi a notícia, de
certa forma já esperada, da demissão da ministra Marina Silva.
Era o que faltava para reforçar de
vez as posições de figuras nefastas
que são tão bem representadas pelo
governador e megassojicultor Blairo Maggi (MT) e por outros notórios defensores de um tipo de "desenvolvimento" que só interessa a
eles.
O governo Lula perde muito com
a saída de Marina Silva. E o Brasil
perde ainda mais."
MAURO SCARPINATTI (São Paulo, SP)
"Assim como derrubaram milhões de hectares de árvores, especialmente na Amazônia, os madeireiros e latifundiários deste país, remanescentes do nefasto coronelismo, conseguiram derrubar, pelo
cansaço, uma das poucas referências de ética e seriedade no primeiro escalão do governo federal.
Vale ressaltar que a política agrícola e econômica, predatória e
pseudodesenvolvimentista, que
produz etanol, alta no preço dos alimentos e fome e é endossada por
Lula, também teve a sua parcela de
responsabilidade no pedido de demissão da ministra.
O adeus melancólico de Marina
Silva: "mais uma obra do governo
Lula"."
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO
(Belo Horizonte, MG)
13 de Maio
"Há muitos feriados no Brasil que
não têm a mínima razão de ser, pois
são frutos de pura demagogia e
oportunismo.
No entanto, o 13 de Maio, data da
Abolição da Escravatura, que deveria merecer um feriado em razão de
sua relevância histórica, não o é.
Nosso país está repleto de incoerências e desacertos."
PAULO ARMANDO DA SILVA VILLELA
(São Paulo, SP)
Aids
"A senhora Sandra Carvalho, do
Ministério da Saúde, conta apenas
meias verdades sobre o acesso ao
coquetel anti-Aids ("Painel do Leitor" de ontem).
Na verdade, o mencionado "consenso" nacional sobre tratamento
anti-HIV cria inúmeras exigências
e obstáculos à prescrição de medicamentos, especialmente daqueles
sob patente farmacêutica. Vários
medicamentos já disponíveis lá fora
não o são no Brasil.
Nós, médicos, ficamos aflitos
quando encontramos um paciente
que já não responde àquilo que podemos ofertar.
O Judiciário tem sido cada vez
mais o refúgio para estes casos.
Há um patrulhamento cada vez
mais ideológico e menos científico
no tal grupo do consenso, que é cada vez menos consensual. Nele,
pessoas que pensam diferentemente dos postulados do Programa Nacional de DST/Aids são substituídos por outros mais passivos ao
controle contábil do Ministério da
Saúde e só se fala em "sustentabilidade" do programa."
HERCULANO KELLES, coordenador do Serviço de Infectologia do Hospital da Baleia (Belo Horizonte,
MG)
Indústria
"Pela análise de Gustavo Patu
("Nova política industrial recauchuta programas dos últimos quatro
anos", Dinheiro, ontem) dá para
ver que, vistos e relatados, apenas o
Fundo Soberano é original.
No mais, o governo tenta desembarcar da onda inercial do governo
anterior para, finalmente, começar
a governar -após seis anos de mandato. Não é pouco vexame."
GUTTEMBERG GUARABYRA (São Paulo, SP)
Dom João e os botocudos
"É constrangedor que espaço tão
nobre deste jornal seja disponibilizados para atacar e desconstruir a
figura histórica de dom João 6º, característica de uma visão marxista
rançosa e anacrônica. O artigo "200
anos da guerra contra os botocudos"
se classifica como uma diatribe, um
espasmo de lusofobia.
Sempre nos foi transmitido que
dom João era uma figura grotesca,
uma garatuja, ao qual se lançavam
epítetos como "covarde", "glutão",
"omisso", entre muitos outros. Agora há um movimento no sentido de
resgatar a sua importância para a
história do país.
Mas os autores do artigo se esmeraram: transformaram-no no grande responsável pelo extermínio dos
índios botocudos. As impropriedades chegam ao paroxismo ao atribuir aos portugueses o uso de armas
biológicas. Será que esses índios, diferentemente dos demais, não andavam nus? Será que os portugueses dispunham de um conhecimento tão fantástico de microbiologia
décadas antes de Pasteur e da sistematização da microbiologia?
Por fim, deixo consignado que
dom João 6º morreu em 10 de março de 1826. Não pode, portanto, ser
acusado dos crimes que se perpetuaram ao longo do século 19."
ANTONIO LUÍS NEVES (São Paulo, SP)
Aborto
"O doutor Miguel Srougi deu uma
aula de humanidade em seu artigo
"Mulheres e o direito à existência"
("Tendências/Debates", 11/5).
Sem juízo de mérito a respeito da
celeuma sobre a descriminalização,
ele deixou claro que o problema do
aborto decorre mais da omissão dos
governos do que da sua natureza
jurídica.
De fato, crime ou não, o aborto
sempre continuará existindo.
Mas uma mera legalização seria
suficiente para reduzir os 825 mil
casos clandestinos (sem contar os
que nunca se conhecem) ocorridos
anualmente no Brasil? Não seriam
necessárias, antes disso, medidas
relacionadas à educação escolar, ao
planejamento familiar, ao mercado
de trabalho feminino, à política anticonceptiva e à conscientização
sexual?
Antes de submetermos "pequenos seres" desprotegidos ao mesmo
risco de mulheres que fazem aborto
desassistido, é preciso acreditar na
ação efetiva do Estado."
EDVANILSON DE ARAÚJO LIMA (Goiânia, GO)
Energia e ambiente
"Em relação à reportagem "Ação
tenta barrar usina termelétrica no
Ceará", Ciência, 5/5), a Associação
Brasileira de Energia Nuclear
(Aben) gostaria de esclarecer que o
estudo realizado pela entidade e
mencionado pela repórter, sobre as
emissões de dióxido de carbono em
empreendimentos do setor elétrico, concluiu que a energia nuclear é
das fontes mais limpas do mundo.
As usinas nucleares emitem entre 5 e 33 gramas de CO2 por quilowatt-hora, o que é equivalente ao
produzido pelas hidrelétricas e menos do que a emissão das eólicas."
EDSON KURAMOTO, diretor da Aben
(Rio de Janeiro, RJ)
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