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CLÓVIS ROSSI
Todos perdem
SÃO PAULO - Há uma surda polêmica no ambiente político a respeito de
quem lucra mais eleitoralmente com
o agravamento da crise financeira do
pobre país tropical.
Para alguns, ganha José Serra, como Fernando Henrique Cardoso lucrou, em 1998, ao vender-se como o
piloto experiente e, por extensão, o
único capaz de conduzir o barco naquela hora de tormenta cambial.
Serra seria agora não apenas o
mais experiente e capacitado mas
também o queridinho dos mercados.
O outro palpite é que ganha Luiz
Inácio Lula da Silva ou qualquer um
dos outros candidatos oposicionistas,
porque o público culparia o governo
pelo agravamento das dificuldades e,
por extensão, votaria na oposição.
Não tenho a menor idéia de qual
das duas hipóteses seja a verdadeira,
até porque não tenho clareza alguma
a respeito do comportamento eleitoral do brasileiro. Para mim, é sempre
uma imensa incógnita.
O que sei ou pelo menos imagino é
que perdem todos com a brincadeira,
em especial o distinto público.
Se o governo e a campanha Serra
apostam na primeira hipótese, conviria que lessem o comentário do jornal
britânico "Financial Times" de anteontem. Lá está escrito com todas letras: "Independentemente de quem
ganhe as eleições, a incerteza já tornou a tarefa do próximo governo
mais difícil".
Bingo. Pior: mesmo o pacote de ontem parece incapaz de afastar incertezas e turbulências, o que significa
que o próximo presidente corre o sério risco de repetir Fernando Henrique Cardoso e de ter de fazer o que
FHC disse que não faria no discurso
da segunda posse, ou seja, não seria
"gerente de crise".
Foi. Em parte por sua culpa, em
parte pelo quadro internacional. Que
seja, agora, um gerente mais competente e impeça que seu sucessor já assuma com pernas quebradas.
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