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São Paulo, sábado, 14 de junho de 2003

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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

O canal da família

A família é a instituição mais antiga e benéfica da humanidade. Antecede a sociedade e o Estado. Tem por origem e modelo a relação de amor e a união entre as pessoas divinas na vida trinitária. Revela a bondade do Divino Criador, que faz nascer e crescer a vida humana como fruto do amor e da doação recíproca entre o homem e a mulher. É esse amor que entrelaça as pessoas ao longo da existência num maravilhoso intercâmbio de gratuidade e gratidão: os pais cuidam com dedicação dos filhos menores e, uma vez crescidos, os filhos é que amparam e cercam de solicitude os pais idosos.
É no ninho da família que surge a fraternidade, que, desde o berço, educa para o afeto, para a descoberta de valores complementares entre irmãos e irmãs, para a solidariedade e para o apoio nas alegrias e nas dificuldades da vida. A fraternidade abre para o amor universal.
O Filho de Deus, Jesus, quis vir ao mundo abençoando a família. Nasce por obra divina no seio da Virgem Maria, que o acolhe em seu coração materno. Recebe a proteção de José, escolhido para exercer na Terra a solicitude do Pai Celeste. Jesus cresce, vive e trabalha na experiência do lar de Nazaré. Os valores da família se aprofundam e explicitam à luz de Jesus Cristo, que confere a graça sacramental ao vínculo conjugal e mostra a necessidade do amor uno e indissolúvel entre os esposos, capaz de mútua correção e aperfeiçoamento, generoso e aberto ao surgimento de novas vidas.
A família, assim iluminada pela visão cristã, é chamada a ser o santuário da vida, a formadora de pessoas, que transmite valores e educa na fé, pelo testemunho constante de crescimento de seus membros na santidade de vida e no serviço recíproco. Basta lembrar alguns exemplos que demonstram a enorme capacidade de doação e sacrifício e a riqueza de valores que marcam o dia-a-dia da vida familiar. Pensemos no amor materno que acalenta e protege em seu seio a vida nascente até dá-la à luz com alegria. É esse mesmo amor que se desvela por um filho portador de deficiência física ou mental e sabe aguardar com paciência inigualável a recuperação do jovem vítima da droga.
Quem não se maravilha diante do devotamento de pais que enfrentam trabalhos árduos para sustentar o seu lar? E que dizer do desvelo pelos idosos e enfermos, às vezes dependentes em tudo para continuar em vida? Mais profundas ainda são a capacidade de compreensão e a força misteriosa do perdão que se escondem, muitas vezes, no segredo do ambiente familiar. Como esquecer a beleza do casal que celebra bodas de ouro de fidelidade?
Mas a família, que merece toda a estima e todo o incentivo, tem sido desvirtuada e até agredida em nossa sociedade. A comunicação televisiva não raro serviu para solapar os valores da família, atingindo nossas crianças e jovens.
Em boa hora, a Rede Vida, que, desde a fundação, se identifica como "Canal da Família", acaba de lançar iniciativa promissora. Reuniu em 12/6, em São Paulo, pessoas que desejam assumir em comum a missão de oferecer à sociedade brasileira programas de TV que incentivem e comuniquem ainda mais os valores da família.
Compareceram jornalistas, radialistas, comunicadores de TV, advogados, juízes, psicólogos, sacerdotes, cultores da arte e da música. A semente foi lançada em boa terra, com idealismo e vontade de servir. Eis uma bandeira que poderá unir todos para o bem, em especial, de nossa juventude.


Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.


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