São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELIANE CANTANHÊDE

História sem fim

BRASÍLIA - O início formal das conversas entre Ciro Gomes e o PFL foi dias depois da desistência de Roseana Sarney. Livre de constrangimentos, o candidato da Frente Trabalhista se reuniu com os deputados mineiros Roberto Brant (PFL) e Walfrido dos Mares Guia (PTB) numa suíte do Hotel Bonaparte, em Brasília. Ciro e Brant entraram pela garagem para não serem flagrados pela imprensa ou por políticos indiscretos. A conversa durou três horas. O problema, depois, foi a resistência do senador Roberto Freire, principal líder do PPS, partido de Ciro. Um pouco mais tarde, porém, Brizola (PDT), José Carlos Martinez (PTB) e o professor Mangabeira Unger, ideólogo da candidatura Ciro, reuniram-se no Rio e defenderam a aproximação e até uma aliança com o PFL. Freire ficou falando sozinho. A aliança foi abortada pelos pefelistas que estão com José Serra e não acreditavam nas reais chances de Ciro. Mas a aproximação continuou, e os dois lados -ciristas e serristas- combinaram ser discretos até "as coisas clarearem". Leia-se: até as pesquisas clarearem as coisas. O pulo de Ciro para 18% no Datafolha foi o gancho que Bornhausen precisava para mobilizar o partido pelo candidato no primeiro turno. No segundo, não importa quem chegue lá, o PFL tentará "colar os cacos". Perdão pelo lugar-comum, mas Ciro cai como uma luva no PFL. Cria uma alternativa já para os sem-candidato (como o próprio Bornhausen). E abre uma perspectiva para os que estão com Serra sem muita convicção e negociam com tucanos potencialmente dissidentes (como Tasso). Serra tem o PFL de Pernambuco, de São Paulo e do Rio, entre outros. Mas vai ter de suar para disputar a maioria do PFL com Ciro. Ganha essa quem tiver o essencial: voto. Ou melhor, quem oferecer o essencial para o PFL: expectativa de poder.

 

Ajude o juiz Casem Mazloum a descobrir por que Luiz Estevão deu US$ 1 milhão (hoje R$ 2,8 milhões) para o Lalau! Caridade, erro de digitação ou dívida de pife-pafe?


Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A crise da cobiça
Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Tudo tem seu tempo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.