São Paulo, domingo, 14 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Livros em perigo
"Não bastassem a miséria, a fome, a falta de segurança, a deterioração do ambiente e a má qualidade do ensino, chega-nos a notícia de que cerca de 180 mil livros (!!!) dos séculos 17, 18 e 19 estão apodrecendo nos porões da biblioteca da primeira faculdade de medicina do Brasil, localizada no centro histórico de Salvador ("Fungos e chuva ameaçam livros históricos", Cotidiano, 5/7).
Como uma sociedade que quer ser culta permite que aconteça tal desastre? Como é que isso pôde acontecer em uma universidade federal?
Supondo que ainda há muito que possa ser salvo, conclamo as autoridades constituídas, as entidades de classe, a iniciativa privada, os bibliófilos e a intelectualidade médica baiana em particular para que seja feito um esforço conjunto com o diretor daquela faculdade para resgatar a preciosidade cultural ameaçada.
A Sociedade Brasileira de História da Medicina (SBHM) fará tudo o que estiver ao seu alcance."
Ulysses G. Meneghelli, presidente da SBHM e professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP (Ribeirão Preto, SP)

Desejo
"Gostaria que o nosso presidente não entendesse nada de sociologia, mas se preocupasse de verdade com a injustiça social. Que não entendesse nada de medicina, mas que cuidasse da saúde física, mental e espiritual do povo brasileiro. Que não entendesse nada de guerra, mas que procurasse armar estratégias para que não faltasse o pão em nenhuma mesa e para que seus moradores não precisassem ser ladrões.
Gostaria que não tivesse nenhuma formação acadêmica, mas procurasse ser reitor da escola da vida para tantos marginalizados. Que não entendesse nada de economia, mas procurasse ser o salário mínimo de tantos famintos.
Gostaria que não entendesse nada de religião, mas que procurasse, junto com todos nós, ter fé para que o Brasil fosse dos brasileiros e um exemplo para as outras nações."
Nilda Ladeia (São José do Rio Preto, SP)

Voto
"Embora o voto distrital tenha seus defensores dentro do PT, a equipe de professores e parlamentares que trabalha no projeto de reforma política do Instituto Cidadania, da qual faço parte, avaliou que nesta etapa esse sistema não seria mais democrático nem mais barato, como afirmou o sr. Geraldo Majella Teixeira em carta publicada nesta seção no dia 10/7 ('Reforma política').
No sistema distrital, os votos não dados ao candidato vencedor do distrito são perdidos, deixando sem representação parcelas consideráveis dos eleitores.
Além disso, não há nenhuma garantia de que esse sistema poderia diminuir a força do poder econômico.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a campanha distrital para a escolha de deputados é mais cara que as eleições proporcionais no Brasil.
Em relação ao chamado voto distrital misto, que é de tipo proporcional, e não majoritário, persiste o problema da construção dos distritos."
Maria Victoria Benevides, professora titular da USP (São Paulo, SP)

"Não bastou a eleição de Collor e de Pitta, novamente o povão quer ser enganado elegendo Maluf.
Será que o povão não sabe que partidos como PFL, PMDB, PPB e PTB -outrora com outros nomes- comandam o país desde o Descobrimento e são responsáveis por metade da dívida pública brasileira? Será que o povão sabe que o ônus da dívida pública está sufocando a economia e estrangulando o desenvolvimento do país?"
Ariovaldo Ribeiro (Vinhedo, SP)

Brasil Telecom
"A reportagem "Ministro admite falha na lei das teles" (Dinheiro, pág. B3, 10/7) contém informações sobre a Brasil Telecom que merecem reparos.
Segundo a reportagem, "das seis concessionárias do serviço de telefonia fixa, apenas a Brasil Telecom não conseguiu antecipar o cumprimento de suas metas de expansão".
Pode parecer um detalhe, mas não se tratou de conseguir ou não. Esta empresa simplesmente não tentou antecipar essas metas. Optou por não fazê-lo como uma decisão estratégica -já bem avaliada pelo mercado- baseada em razões eminentemente econômicas.
Tal estratégia mostrou-se eficiente, pois a Brasil Telecom conta hoje com uma sólida posição perante suas concorrentes."
Jorge de Moraes Jardim Filho, vice-presidente da Brasil Telecom (Brasília, DF)

"Marines"
"Com a ponderação peculiar, Clóvis Rossi traduziu o sentimento de cada cidadão brasileiro ("Chamem os "marines", Opinião, 12/7).
A violência e o poder do "Estado paralelo" entranhado no oficial não são privilégios do Espírito Santo. A intervenção deve ser federal. A omissão permitirá, a exemplo da Colômbia, a já constante interferência exterior em nosso território."
Ângela Luiza S. Bonacci (Pindamonhangaba, SP)

A vitória da esperança
"O artigo "A seleção do social", de Milú Villela ("Tendências/Debates", pág. A3, 9/7), faz-nos pensar o caminho para um Brasil mais justo por meio do comprometimento daqueles que podem ajudar.
A filantropia e a caridade, sozinhas, não resolvem. Precisamos de algo que vá além. Precisamos de uma mudança de posição, precisamos assumir um compromisso com a ética e com o social.
O mundo vive hoje as ameaças da desconfiança e da mentira. O investimento social, tendo como base princípios da ética, da participação e da transparência, resgata a cidadania e garante a esperança num futuro melhor.
Na final da "copa da vida", devemos jogar o descaso com a desigualdade e com o ambiente para escanteio e fazer o gol da responsabilidade social, comemorando a vitória da esperança."
Cláudia Mansur, pesquisadora do Ibase - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Rio de Janeiro, RJ)

Oriente Médio
"O leitor Mauro Fadul Kurban ("Painel do Leitor", 26/6) mostra, em sua missiva, uma exótica reconstrução dos fatos da história recente do Oriente Médio.
Os "convidados" a se retirar de suas terras, deixando seus bens para trás, foram os pouco lembrados 650.000 judeus expulsos de seus países árabes de origem após 1948. Apesar de refugiados, não saíram explodindo civis inocentes pelo mundo afora, como os árabes palestinos.
Uma rápida consulta a livros de história mostra que a imensa maioria dos antigos moradores da "Palestina" do mandato britânico evadiu-se, atendendo aos pedidos do Arab High Committee, que solicitava por rádio que se abandonassem provisoriamente as terras até que fosse concluído o "massacre monumental" de judeus que tinham intenção de cometer.
É claro que houve alguns excessos por parte dos judeus, como é esperado em qualquer guerra, mas cabe lembrar que 6.000 judeus (1% da população judaica de Israel à época) foram mortos na guerra da independência."
Zalman Girtman (São Paulo, SP)

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