São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Crescimento, soberania e solidariedade

ANTHONY GAROTINHO

 "Se o Brasil continuar com esse crescimento pífio dos últimos anos, em 20 anos a moeda será o dólar e seremos uma província dos EUA."
Hélio Jaguaribe

O compromisso fundamental de meu governo será com o país e com o povo brasileiro.
Será um governo de rompimento com o atual modelo, que privilegia o capital especulativo em prejuízo dos que trabalham e produzem. Que privilegia os juros e persegue os salários. Que privilegia os interesses do capital internacional, em prejuízo do empresariado nacional. Que promove a concentração de renda e riqueza. Que, em nome de um necessário combate à inflação, empobrece o país e seu povo.
Daí a instabilidade econômica refletida nas chantagens do mercado e na manipulação do risco Brasil. Daí as dívidas públicas, interna e externa. Daí o desemprego e a crise social.
Na era FHC, o crescimento anual médio do PIB brasileiro (que já oscilou entre 7% e 10%) foi de apenas 2%. Em 2001, foi de 1,5%. A persistência dessa política destruirá nossa soberania. O Brasil precisa crescer pelo menos 5% ao ano.
O compromisso central de meu governo será com o crescimento, com a geração de riquezas e a distribuição de renda, com o respeito ao trabalho, ao salário e com a geração de emprego
Por isso, reafirmo o propósito de elevar o salário mínimo. Trata-se de decisão política com a qual estaremos indicando nossas prioridades. O aumento do salário mínimo não implodirá a Previdência nem os Orçamentos das prefeituras. O país tem recursos; a questão é saber aplicá-los. Eles hoje financiam os lucros absurdos do sistema financeiro e da especulação. No meu governo, estarão voltados para a produção e para a meta de pleno emprego.
Quando anuncio para maio de 2003 o aumento do salário mínimo, para R$ 280, o establishment diz que o Brasil vai quebrar, como os escravocratas diziam que a abolição da escravidão iria levar a agricultura à falência. Pois bem, o estudo "Brasil: para um projeto de consenso", coordenado por Hélio Jaguaribe e encaminhado recentemente ao presidente da República e aos candidatos, aponta, como uma das metas para tirar o nosso país da crise, a elevação do salário mínimo para o equivalente em reais a US$ 400.


O compromisso central de meu governo será com o crescimento, com a geração de riquezas e a distribuição de renda


Resumo o programa de governo do PSB em cinco compromissos:
O compromisso com a soberania. Ele representa a determinação de dar continuidade ao processo de construção de uma nação, produzindo uma ruptura com a dependência externa e conferindo ao Brasil um grau suficiente de autonomia decisória;
O compromisso com a solidariedade. Ele nos diz que a continuidade da construção nacional deve se dar em bases distintas das atuais, concentrando-se nossa capacidade produtiva, técnica e cultural, antes de mais nada, na eliminação da miséria e da pobreza em todas as suas manifestações, de modo que nos tornemos, de fato, uma nação de cidadãos;
O compromisso com o desenvolvimento. Ele expressa a decisão de eliminar a tirania do capital financeiro e superar nossa condição de sociedade periférica, afirmando que mobilizaremos todos os nossos recursos, hoje subutilizados, articulando-os no interior de um projeto coerente;
O compromisso com a sustentabilidade. Ele estabelece uma aliança com as gerações futuras, pois fala da necessidade de reinventar um projeto de desenvolvimento, que repudie modelos socialmente injustos e ecologicamente insustentáveis, como os que estão levando a humanidade a uma brutal crise civilizatória;
E o compromisso com a democracia ampliada. Ele aponta para a refundação do sistema político brasileiro, em bases amplamente participativas, de modo que o povo possa controlar os centros decisórios em todos os níveis.
Esses cinco compromissos são solidários entre si. Formam uma unidade indissolúvel. São o ponto de referência para todas as decisões que tomaremos à frente do governo.
Para que eles se transformem em realidade, será necessário alterar o sistema de poder que comanda o Brasil, com a realização de reformas que alcancem toda a sociedade. Será preciso democratizar a riqueza, a terra, a informação e a cultura. Só assim seremos uma nação próspera, soberana e justa.


Anthony Garotinho, 42, é candidato à Presidência da República pela Frente Brasil Esperança (PSB-PGT-PTC). Foi governador do Estado do Rio de Janeiro (1999-2002), prefeito de Campos (1989-92 e 1997-98) e secretário estadual da Agricultura (governo Brizola).



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