São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Debates
"Parabenizo a Folha pela série "Candidatos na Folha". Espero que os próximos entrevistados não sejam tão dados ao senso comum como o sr. Luiz Inácio Lula da Silva. As comparações que o presidenciável fez para justificar as suas condutas são tão pueris que nos dão arrepios. Ele insiste em fazer comparações simplórias, como se fosse assumir o grêmio estudantil de uma escola. Custa-me aceitar, mas a comparação que alguns fazem entre Lula e o presidente dos Estados Unidos confirma-se nas ingenuidades. Um presidente da Republica pode se referir aos problemas da nação afirmando que "salada de frutas tem de ter muitas frutas, não pode ter só mamão'? Poupe-nos, por favor!"
Leila E. Leitão (São Paulo, SP)

Negativismo
"Ontem, ao abrir a Folha, tive ímpetos de cancelar minha assinatura. Não está dando mais para aguentar o negativismo que quase todos os colunistas desse jornal vêm alardeando. Tudo bem que não devemos tapar o sol com a peneira e fingir que as coisas estão bem. E por que não estão bem ou vão de mal a pior? Porque há esse clima de "nada dá certo", "nada funciona". Vejamos a pág. A2. "Bem-vindo, Paul, mas é tarde", de Clóvis Rossi, "O trem e o maquinista", de Eliane Cantanhêde, e "O preço do pavão", de Carlos Heitor Cony. O que me fez mudar de idéia foi o texto "Complexo de inferioridade" ("Opinião Econômica", Dinheiro, pág. B2), de Benjamin Steinbruch, que dizia: "O complexo de inferioridade impede o brasileiro até mesmo de acreditar em coisas positivas que vê e lê sobre o Brasil" ou "Preferem o produto importado ao nacional, curvam-se à cultura estrangeira". Eu só acrescentaria ao seu brilhante texto que não é só complexo de inferioridade que acomete o brasileiro, e sim a subserviência a que nos acostumamos -cultural, econômica ou de qualquer natureza."
Maria Antonia de Souza (São Paulo, SP)

Composição do Congresso
"Todos estão voltados exclusivamente para a eleição do presidente da República. Porém o importante é não somente a escolha do presidente mas também a composição do Congresso. Presidente sozinho não governa. Está na hora de escolhermos um Congresso que dignifique o Brasil. Devemos ver quais foram os congressistas que usaram o "toma lá, dá cá" e quais legislaram em proveito próprio, barrando propostas importantes, como a reforma fiscal, entre outras. Devemos também ver quais são os candidatos milagreiros, que vêm com propostas de criação de empregos e de reforma agrária, coisas que estamos cansados de ouvir, mas nunca passam de meras propagandas enganosas. Depois da eleição, não teremos nenhum Procon específico para reclamarmos e teremos, como sempre, de pagar a conta."
Antonio Mario Scalamandré (Natal, RN)

Bem votar
"José Serra, em seu texto "Entender, querer, fazer" ("Tendências/Debates", pág. A3, 13/8), não poderia ter sido mais preciso ao definir o ato de votar como "aqueles dois ou três minutos em que você e mais 115 milhões serão donos do Brasil". Aproveitemos bem, pois temos observado com frequência que, após esses poucos minutos, o Brasil retorna aos seus verdadeiros donos, os senhores do poder político ou a quem eles representam."
Leonardo Fantinato Menegon (Campinas, SP)

PT
"Pedimos que seja retificado o título da reportagem "Esquerda do partido reprova rumo da campanha" (Brasil, pág. A4, 11/8), que se referia ao PT. A reportagem não tem informações suficientes para justificar o título. O texto cita apenas três pessoas. O primeiro citado, Carlos Alberto Grana, não é apresentado como membro de alguma ala de esquerda do PT, e sim como dirigente da CUT -e ele não se refere ao rumo da campanha. O que ele fez foi uma avaliação do que poderá acontecer depois das eleições devido ao acordo com o FMI - a partir disso, o repórter concluiu que "a reação da CUT foi mais agressiva do que a do PT". O segundo entrevistado, Paul Singer, que o próprio repórter descreveu como uma das vozes mais respeitadas do partido, apóia explicitamente a posição de Lula e do PT em relação ao acordo com o FMI. Paul Singer apontou que a nota oficial do PT faz a devida crítica às políticas do FMI. Sobrou um único entrevistado, o deputado Milton Temer, o único que fez uma crítica ao comando da campanha e, mesmo assim, ressalva claramente o discurso de Lula, que considera correto. Dá como exemplo a posição de Lula ao ir à Fiesp e lá "confrontar as contradições do setor produtivo com as do capital financeiro"."
Bernardo Kucinski, Comitê Lula Presidente (São Paulo, SP)

Ricardinho
"Gostaria de manifestar o meu espanto e solicitar providências a respeito do que considero um grave erro cometido na reportagem "Ricardinho nega acordo com o São Paulo", publicada em 8/8 no caderno Esporte. Todo o texto da reportagem é tendencioso, e basta comparar o que publicaram os demais jornais a respeito do assunto para constatar isso. Os repórteres Marília Ruiz e Paulo Galdieri simplesmente forjaram uma falsa notícia para, a partir dela, fazer uma intriga entre o São Paulo e o jogador. A notícia falsa está no terceiro parágrafo do texto, onde se concentra o coração da reportagem: "Os dirigentes do Morumbi foram além. Decretaram apresentação do jogador (Ricardinho) na mesma data (sexta-feira, dia 9/8)". A intriga deriva disso: Ricardinho ficou irritado etc. etc. etc. Como sou diretor de futebol do São Paulo e não fui procurado pela reportagem da Folha, a quem sempre atendi quando solicitado, não sei quem são "os dirigentes" citados. A única pessoa que fala "on the record" à reportagem é o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa. E o que ele diz não autoriza absolutamente que os repórteres tirem as conclusões precipitadas que quiseram nos atribuir. Onde, quando e quem disse à Folha que "dirigentes decretaram" a apresentação do jogador ao São Paulo na sexta-feira (9/8)? Concedi, no dia 7/8, pelo menos uma dezena de entrevistas à imprensa, reiterando o interesse do São Paulo pelo jogador e deixando muito claro que o sucesso ou não da negociação dependeria da direção do Corinthians, que põe obstáculos à transferência. A reportagem tenta fazer de uma pendência entre os clubes um atrito entre o São Paulo e o jogador, coisa que não existe. O que explica tal engajamento? Não posso aceitar calado que inverdades, sabe-se lá alimentadas por quais interesses, sejam digeridas e reproduzidas sem mais pelo maior jornal do país.
Carlos Augusto de Barros e Silva, diretor de futebol profissional do São Paulo Futebol Clube (São Paulo, SP)

Resposta dos jornalistas Marília Ruiz e Paulo Galdieri - Em entrevista no Centro de Treinamento da Barra Funda, na quarta-feira passada (7/8), o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, afirmou que havia acertado a contratação de Ricardinho. Declarou, literalmente, conforme reproduzido pelo jornal, que, "na sexta-feira, a gente se senta, acerta com o Ricardinho, e ele não fala mais com o Corinthians".
Outro dirigente do clube confirmou "off" à Folha que a apresentação de Ricardinho estava marcada para a mesma data.



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