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São Paulo, quinta-feira, 14 de agosto de 2003

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MULHERES FUMANTES

A evolução dos costumes tem, de um modo geral, promovido maior igualdade entre homens e mulheres. Embora ainda restem muitas barreiras e preconceitos, a mulher é hoje, principalmente nos países do Ocidente, menos discriminada do que era algumas décadas atrás. À medida que as mulheres avançam em territórios antes exclusivamente masculinos, assimilam alguns dos maus costumes outrora típicos de homens, como é o caso do hábito de fumar.
Atualmente, o fumo mata 5 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Pelas atuais projeções, em 2030 os óbitos chegarão a 11 milhões. O problema é que essa estimativa considera que as mulheres fumantes são apenas um quarto dos homens. Infelizmente, não é isso o que parece ocorrer na prática.
Estudo realizado pela OMS e pelos Centros de Controle de Doenças (CDCs) norte-americanos com mais de 1 milhão de adolescentes de 150 países mostra que os pressupostos da projeção podem estar errados. De acordo com o trabalho, que foi apresentado na 12ª Conferência Mundial sobre o Fumo ou Saúde, a distância entre fumantes dos dois sexos está caindo em quase todo o mundo.
Na África, por exemplo, existe uma mulher fumante para cada sete homens, mas entre jovens de 13 a 15 anos a proporção é bem maior: uma para cada 2,2. Tendências semelhantes são verificadas em outros continentes. Na Europa, 33,9% dos garotos e 29% das garotas fumam. Nas Américas, os índices são de 16,6% e 12,2%, respectivamente. Os números mundiais para jovens são 15% e 6,6%. Na população adulta, as taxas são de 47% e 12%.
Se esses parâmetros estiverem corretos e perdurarem, as projeções de mortes da OMS para 2030 estão subestimadas. O estudo ainda precisa ser corroborado por outros trabalhos, mas fica desde já o alerta para as autoridades sanitárias dirigirem suas campanhas de prevenção para garotas. A idéia do feminismo não é igualar homens e mulheres na morte, mas nas oportunidades de vida.


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