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CLÓVIS ROSSI
Tá tudo dominado
SÃO PAULO - Autorizada pela Justiça, a Polícia Federal ocupou a sede
central da Caixa Econômica Federal
em busca de documentos.
"Sinto que existe uma motivação
política", reagiu o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, que, no entanto,
confessa não saber quem são os interessados ou qual a orientação política dos procuradores supostamente
por trás da "operação política".
No governo anterior, era a mesma
coisa. Cada vez que havia uma denúncia, uma investigação, uma
apreensão de documentos, o "habeas
corpus" automaticamente inventado
pelas vítimas de turno era o da "motivação política".
Da mesma forma, jamais se comprovou se havia ou não motivação
política -e qual era ela.
É um triste retrato da realidade tupiniquim. Todo mundo (político)
acusa todo mundo (político) de intenções sujas, sem que a sociedade
possa saber quem tem ou não razão,
se é que alguém tem.
Se uma autoridade diz que uma ordem judicial, executada pela Polícia
Federal, não passa de ação política,
ou essa autoridade prova a denúncia
ou deve ser demitida por leviandade.
Se provar, deveria ser processado e
punido o juiz que emitiu a ordem.
Mas, como sempre, vai ficar tudo
na mesma. Bate-boca de graúdos
apenas. O público que se dane na sua
orfandade.
O caso da CPI do Banestado, em
que, aí sim, ficou provado (pela gravação da TV Senado) que o relator
(governista) agia com motivações políticas (retaliar a oposição), demonstra que nada ocorre quando os graúdos agem dessa forma.
A verdade é a seguinte: o mundo
político brasileiro deixou de ter como
tarefa a intermediação entre sociedade e Estado. Passou a ser um mundo
a parte, que apenas defende seus próprios interesses, seu poder e os recursos que dele podem resultar, alguns
legítimos, outros não.
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