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Caia quem caia
A LUA-DE-MEL entre os presidentes Néstor Kirchner
(Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela) pode estar chegando ao fim. Apareceu entre
eles uma mala de dinheiro da
qual os dois preferem manter
prudente distância.
Até a semana passada, Chávez
prometia aos argentinos, ameaçados por um apagão, energia
abundante e barata. Não tinha,
evidentemente, como entregar o
"produto", mas isso nunca foi
um problema grave na escola latino-americana de populismo
freqüentada por Chávez, Kirchner e tantos outros.
Mas agora tudo mudou. Autoridades alfandegárias apreenderam US$ 790 mil na maleta de
um empresário venezuelano que
chegava de Caracas num avião
arrendado pela estatal argentina
de energia. Acompanhavam-no
funcionários da PDVSA, a empresa venezuelana de petróleo.
Os governos dos dois países trocam insinuações e acusações, e
Kirchner cobra a demissão de
um vice-presidente da PDVSA
que está no centro do caso.
O mandatário argentino tem
razões para temer o pior. Também estava no vôo da maleta
Claudio Uberti, presidente do
Ente Regulador de Pistas da Argentina, que foi prontamente demitido. Uberti, mais do que responsável pelos pedágios do país,
era apontado como arrecadador
da campanha de candidatos ligados a Kirchner, incluindo sua
mulher, Cristina, favorita para
conquistar a Casa Rosada no
pleito de outubro.
A exemplo de Lula, Kirchner
tem preferido enfrentar o problema com evasivas e auto-elogios: "Pela primeira vez na Argentina se combate a sério a corrupção. Fazemos os controles
em todas as áreas que temos que
fazer, caia quem caia".
Por ora caiu apenas o assessor
de Néstor Kirchner para os pedágios. Mas o presidente está
disposto até a falar grosso com
seu dileto aliado Hugo Chávez na
tentativa de evitar que Cristina
também caia -nas pesquisas.
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