São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2007

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Caia quem caia

A LUA-DE-MEL entre os presidentes Néstor Kirchner (Argentina) e Hugo Chávez (Venezuela) pode estar chegando ao fim. Apareceu entre eles uma mala de dinheiro da qual os dois preferem manter prudente distância.
Até a semana passada, Chávez prometia aos argentinos, ameaçados por um apagão, energia abundante e barata. Não tinha, evidentemente, como entregar o "produto", mas isso nunca foi um problema grave na escola latino-americana de populismo freqüentada por Chávez, Kirchner e tantos outros.
Mas agora tudo mudou. Autoridades alfandegárias apreenderam US$ 790 mil na maleta de um empresário venezuelano que chegava de Caracas num avião arrendado pela estatal argentina de energia. Acompanhavam-no funcionários da PDVSA, a empresa venezuelana de petróleo. Os governos dos dois países trocam insinuações e acusações, e Kirchner cobra a demissão de um vice-presidente da PDVSA que está no centro do caso.
O mandatário argentino tem razões para temer o pior. Também estava no vôo da maleta Claudio Uberti, presidente do Ente Regulador de Pistas da Argentina, que foi prontamente demitido. Uberti, mais do que responsável pelos pedágios do país, era apontado como arrecadador da campanha de candidatos ligados a Kirchner, incluindo sua mulher, Cristina, favorita para conquistar a Casa Rosada no pleito de outubro.
A exemplo de Lula, Kirchner tem preferido enfrentar o problema com evasivas e auto-elogios: "Pela primeira vez na Argentina se combate a sério a corrupção. Fazemos os controles em todas as áreas que temos que fazer, caia quem caia".
Por ora caiu apenas o assessor de Néstor Kirchner para os pedágios. Mas o presidente está disposto até a falar grosso com seu dileto aliado Hugo Chávez na tentativa de evitar que Cristina também caia -nas pesquisas.


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