São Paulo, Sábado, 14 de Agosto de 1999
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QUALIDADE DO AR NO CHÃO

A cidade de São Paulo viveu nesta semana dias quase desérticos. Duas estações da agência ambiental estadual, Cetesb, registraram taxas baixas de umidade do ar, em torno de 10%. O mínimo admitido como tolerável pela Organização Mundial de Saúde é 20%. Em Mauá, a qualidade do ar chegou a ser considerada má.
As condições atmosféricas estiveram inadequadas para a dispersão dos poluentes, o que fez com que, pela manhã, uma névoa composta de partículas em suspensão e gases tóxicos baixasse a ponto de chegar por uma vez ao rés do chão.
As consequências de um ar seco e poluído são danosas para a saúde. Surgem ou recrudescem doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos e, em longo prazo, os efeitos podem ser ainda mais sérios. Trata-se, evidentemente, de grave questão de saúde pública.
O que exige ação sobretudo preventiva das autoridades. Relatório da mesma Cetesb, do início deste ano, apontava como uma das causas da melhora do ar em 98, comparativamente ao ano anterior, o rodízio de veículos implantado pelo governo estadual nos meses de inverno, quando a qualidade do ar geralmente piora.
O rodízio regular de inverno deixou de existir. Foi substituído por uma operação de emergência. Parte dos veículos deixaria de circular quando houvesse sinais de piora da qualidade do ar. O problema é que tal medida seria adotada apenas dois dias depois de soado o alarme da poluição.
Decerto a adoção imediata da restrição à circulação de veículos pode acarretar prejuízos e embaraços para a população. Mas, dados os efeitos danosos que dois dias de má qualidade do ar podem provocar, o que também prejudica grande parcela dos paulistanos, não há presteza bastante nesse mecanismo emergencial adotado pelo governo do Estado.
É verdade que o rodízio permanente é medida paliativa; seus efeitos tendem a diminuir ao longo do tempo. Mas, pelo menos no que diz respeito a ações urgentes em relação à poluição atmosférica, ele não foi substituído por medida eficaz. É imperativo que o governo estadual de São Paulo reavalie sua posição.


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