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PACTO DE DESESPERO
A articulação que se desenha na arena política (a esta altura, já um charco) paulistana, entre o prefeito e sua
base de vereadores, bem poderia receber o nome de pacto de silêncio.
Esse tipo de acordo ficou famoso
por ser praticado por organizações
mafiosas. Por meio do silêncio, procurava-se garantir a sobrevivência do
grupo, mesmo que algum de seus
elementos viesse a cair nas mãos da
polícia ou de grupos rivais.
Compactuam vergonhosamente o
prefeito Celso Pitta e sua vereança. É
que os indícios de que o sistema de
governo como um todo está viciado
recrudescem. Além dos esquemas de
corrupção montados nas administrações regionais, o conjunto das
suspeitas abrange a coleta de lixo, o
serviço funerário, o PAS, empresas
municipais. É evidente que a prefeitura deve ser um dos alvos principais
das investigações, pois é a instituição
que articula todos esses setores.
Mas eis que o chefe do Executivo
municipal, ao que consta, desce à ralé da politicagem para acordar com
sua base um bloqueio a investigações
que poderiam chegar até ele. Alia-se a
interesses de vereadores que também
não desejam ser investigados. Forma-se o pacto para defender o grupo.
Escolhem-se aqueles poucos que deverão ser sacrificados para tanto.
Mas algo pode dar errado na estratégia. Talvez não se possam queimar
sem consequência vereadores a fim
de preservar a maioria e o prefeito. A
vereadora Maria Helena Fontes (PL),
acusada de tramar com um estelionatário chantagem contra um colega, já
disse que não cai sozinha. Pode ser
que outros argumentos a convençam
do contrário, mas ao menos promete
dar custoso trabalho.
Entretanto, mais que um pacto de
silêncio, a operação que envolve prefeito e vereança governista parece um
pacto de desespero. Há uma sensação de que, se der errado, o próximo
passo será o salve-se-quem-puder.
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