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São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Terrorismo
"O líder palestino Iasser Arafat está confinado em seu quartel-general há quase dois anos. E, como se não bastasse o confinamento, agora Ariel Sharon quer expulsar Arafat. Essa ameaça reforçará a influência do líder diante dos palestinos. Talvez Sharon imagine que a expulsão de Arafat vá facilitar o tratado de paz. Ledo engano. Estará, sim, criando um mártir, fortalecendo a liderança de Arafat e, como consequência, novos atos de terrorismo deverão acontecer de ambos os lados. O novo premiê palestino, como o seu antecessor, não negociará a paz com o pretendido isolamento de Arafat. O exílio de Arafat será o estopim para novas ondas de terrorismo. É preciso bom senso e vontade política de ambas as partes para caminhar pela estrada da paz. Chega de matanças."
Tufi Jubran (São Paulo, SP)

Democracia
"O professor Denis Lerrer Rosenfield ("Capitalismo e democracia", pág. A3, 11/ 9), ao defender a proposição "capitalismo é democracia" e vincular o capitalismo à igualdade de oportunidade e de liberdade, parece esquecer-se de que, antes de constituir uma política econômica, o Estado moderno escolhe uma forma de fazer política. E são os partidos que tomam o poder que decidem, no exercício de sua função, a forma como devem conduzir a economia. Ora, dizer que o capitalismo se estrutura sobre essas bases é muito diferente de dizer que ele as mantém. A isso parece que o senhor Rosenfield não esteve muito atento. E tudo indica que tampouco esteve a par da política externa de várias "democracias liberais" no século passado, as quais preocuparam-se em destruir qualquer vestígio de democracia que não lhes fosse favorável, como lembrou o professor Emir Sader num texto que foi publicado logo abaixo do seu ("Chile, 30 anos atrás')."
Frederico Gorski, (Florianópolis, SC)

Homenagem
"Lula homenageará com medalhas as atrizes Regina Duarte e Marília Pêra (nota "Sem mágoa", "Painel", Brasil, pág. A4, 12/9). Aguardo com toda paciência o espetáculo do crescimento e entendo que ainda seja cedo para cumprir promessas eleitoreiras, mas homenagear essas duas pessoas é demais para qualquer eleitor que deu um voto de confiança ao PT."
Carlos Augusto Gaspar (São Paulo, SP)

Educação
"Não se discute a competência do ministro Cristovam Buarque como educador. O que se pode criticar é o seu despreparo e a sua falta de competência política e administrativa para gerenciar o Ministério da Educação. A conduta do ministro ao conclamar os estudantes a realizar uma passeata visando pressionar o governo por mais verbas -para, logo em seguida, pedir desculpas ao presidente, quase implorando para permanecer no cargo- demonstra, no mínimo, inocência. Se o ministro está insatisfeito com o fato de sua pasta não dispor de recursos suficientes, o que se espera dele -e para isso ele foi convidado a assumir o cargo- é inteligência e criatividade para gerar idéias e transformá-las em realidades. Se não for dessa forma, que não critique o presidente enquanto estiver sentado na cadeira de ministro. Com dinheiro farto até um "poste" seria capaz de administrar qualquer coisa."
David Neto (São Paulo, SP)

Reformas
"Que a ONU necessita de reformas urgentes é inegável, como mostrou o artigo de Alcino Leite Neto ("No pós 11.09: a ONU ou o caos", pág. A2, 11/9). E é louvável que até mesmo o secretário-geral, Kofi Annan, tenha reconhecido essa urgência. A ONU tem deixado a desejar em suas atuações, e seu órgão mais importante, o Conselho de Segurança (CS), "não reflete a geopolítica do mundo atual". É inaceitável que decisões importantes, das quais dependem as relações internacionais e a paz e a segurança mundial, estejam concentradas nas mãos de cinco Estados -China, EUA, França, Reino Unido e Rússia-, ficando para os outros 186 membros um papel meramente consultivo na Assembléia Geral. Extinguir o CS, transformar a Assembléia Geral em um órgão deliberativo, com igual poder de voto a todos os países, instaurar mecanismos de punição aos membros que descumprirem suas resoluções são algumas das reformas de que a ONU necessita. Não será uma tarefa fácil, mas somente assim o organismo poderá verdadeiramente unir todas as nações, promovendo com eficiência a democracia, o multilateralismo, a segurança e a paz."
Fábio Simão Alves, estudante de relações internacionais da USP (Guarulhos, SP)

Reconhecimento
"É vergonhoso o arquivamento do caso "Chiquinho da Mangueira" pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, mas não podemos deixar de reconhecer o trabalho da Comissão de Segurança Pública, que apurou os fatos de forma séria e transparente, cumprindo o seu papel. Apesar dos péssimos maus exemplos que temos na política, ainda podemos ter esperança de que alguns políticos corretos possam um dia "contaminar" os demais com um pouco de idoneidade e de respeito ao cidadão."
Márcia Pessôa (Rio de Janeiro, RJ)

De duas uma
"Ou tem razão o senador Aloizio Mercadante em criticar o aumento dos tributos promovido pelo governo anterior ("Tendências/Debates", 12/9), ou tem razão o governo do qual ele é líder no Senado em manter elevada a carga tributária. Ambos terem razão é simplesmente impossível."
Flavio Patricio Doro (Cotia, SP)

Às escuras
"Diariamente, por volta das 6h, quando o dia está clareando, milhões de homens e mulheres, de jovens e crianças, saem de casa para o trabalho e para a escola. Com o horário de verão, essas pessoas têm de circular às escuras (uma vez que 6h são na realidade 5h), expondo-se de maneira considerável a toda sorte de violência. E todo esse risco para uma propalada economia de energia que pode chegar a ridículos 0,2%. A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, com o bom senso que vem norteando suas decisões, não deve embasar a adoção do horário de verão levando em conta somente números tão pífios. Com certeza, por meio de campanhas de conscientização, resultados melhores podem ser alcançados sem causar transtornos e riscos a milhões de adultos e crianças."
Paulo Cesar Oliveira (Taubaté, SP)

TV e armas
"Tive a infelicidade de ver um capítulo da novela "Mulheres Apaixonadas" em que uma professora ensinava aos alunos a importância do desarmamento e exortava os congressistas a votarem a favor dessa causa. Agora a Rede Globo apóia explicitamente os projetos do governo e determina as leis que o Congresso deve votar. Não espero do Congresso, que já mostrou extraordinária submissão na votação das reformas previdenciária e tributária, outra atitude que não o agachamento diante de tamanho poder. Vai passar esse projeto cínico e absurdo de desarmar quem respeita as leis, porque é da vontade do senhor Manoel Carlos, escritor de melodramas alçado a educador e legislador. E também porque aquela emissora não tem um departamento de ética capaz de conter as indevidas incursões desse "intelectual" em assuntos políticos controvertidos, que precisam ser serenamente analisados pelo Poder competente."
Milena Cardoso Costa (Porto Alegre, RS)



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