RIO DE JANEIRO - O século 20 -que a terra lhe seja leve e que Deus o tenha- foi marcado por ideologias conflitantes, por duas guerras mundiais, por duas bombas atômicas e, como trilha musical, pela voz de Frank Sinatra cantando "My way".
O século 21 começou bem, prometendo muito, com os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos e a prisão do Fernandinho Beira-Mar -os dois fatos parecem despropositados, mas tudo tem sentido, o diabo é descobrir o sentido de tudo.
Vivemos agora uma época perigosa, todas o foram, mas a nossa tem uma peculiaridade. É a era dos fundamentalistas, que na realidade começou no final do século passado, com o fundamentalismo religioso dos aiatolás, o fundamentalismo econômico do FMI e, agora, o fundamentalismo norte-americano do presidente George W. Bush.
Pode-se argumentar que este último começou antes, quando um general de lá declarou que índio só era bom quando morto. Donos do território colonizado pelos pioneiros do Mayflower e seus descendentes, os peles-vermelhas foram exterminados de diversas maneiras, sobraram apenas os índios de charutaria e dos filmes de faroeste.
Acontece que o resto da humanidade tornou-se um acampamento de peles-vermelhas, somos todos Touros Sentados e Voz do Trovão. Por isso ou aquilo, atrapalhamos a vida dos bons norte-americanos, de seus churrascos no jardim, de suas piadas quando fazem discursos, de suas comidas enlatadas e de seus perus do Dia de Ação de Graças.
Bush descobriu que não haverá segurança para seus concidadãos enquanto houver um pele-vermelha enrustido em qualquer parte do mundo, emitindo sinais de fumaça e preparando suas flechas envenenadas.
Potencialmente, somos todos suspeitos de encobrir nossa pele vermelha. E à noite, à roda das fogueiras tribais, prepararmos o ataque final ao imenso comboio branco da civilização ianque.



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