São Paulo, segunda-feira, 14 de outubro de 2002

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Um cidadão preocupado

MÁRIO AMATO


O passado tem demonstrado que, tão logo termina a apuração, aparecem os opositores radicais

Como cidadão e patriota, tenho me preocupado com o que poderá acontecer com o nosso país, depois da eleição de 27 de outubro, caso Luiz Inácio Lula da Silva venha a se tornar presidente da República.
Por mais que escute os diálogos e leia os jornais e pesquisas, indicando o que o povo, em sua maioria empregados e funcionários públicos, pensa -pois é ele que decide, enquanto uma boa parte dos chamados esclarecidos não se manifesta, por interesse ou por receio de se comprometer-, ainda assim tenho a certeza de que a eleição se realizará democraticamente, a vontade popular será respeitada e o candidato vitorioso terá a sua escolha respeitada. Os partidos políticos aceitar-lo-ão e haverão de certamente colaborar para que os problemas do país tenham solução.
É o desejável, mas, infelizmente, o passado tem demonstrado que, tão logo termina a apuração dos votos, aparecem os opositores radicais, que têm como preocupação criar um ambiente de terror, criticando pela simples vontade de criticar e de aparecer, o que nada constrói. Somente pela educação e pela verdadeira estima por um Brasil melhor poderão ajudar no crescimento do país, diferentemente do que tem ocorrido até hoje, com as oposições se preocupando só em mostrar as mazelas, o lado perverso de uma determinada situação.
Não se pode assistir ao que mostram as emissoras de televisão. Até mesmo as do exterior, que parecem copiar as nossas, mostram coisas negativas, seres humanos carentes, e deixam a impressão aos residentes em outros países de que essa é a única realidade brasileira, escondendo, dessa forma, o que de bom tem o nosso país.
Aos opositores do governo parece faltar amor pelo Brasil, pois só mostram coisas negativas. É o caso de perguntar: se nós não nos valorizamos, como pretendemos ser valorizados no exterior? A oposição faz de tudo para ganhar popularidade e pensa em ganhá-la com a exploração dos bolsões de pobreza, onde há fome e todo o tipo de necessidade.
Os políticos da oposição acreditam que a realidade deve ser exposta, para em seguida se apresentarem como salvadores da pátria e heróis de fanfarras. O outro lado não é dono da verdade, nem da virtude, pois esta está no meio. Não vamos nos convencer de que tudo vai bem, mas não é cabível explorar o pior, porque nós todos somos responsáveis. Em vez de só criticar, é preciso trabalhar com seriedade para sanear.
Infelizmente, não tem sido esse o comportamento da oposição. Vamos eleger grande parte desses atores até o dia em que nos convencermos de que é preciso colaborar para sanear o país, eliminando as suas mazelas. Para começar, é preciso ter vergonha de exibir só o que temos de ruim, pois, em verdade, todos somos responsáveis por tudo o que existe em nossa pátria.
Estamos prontos para escolher um novo presidente da República, e é preciso, desde já, ficar claro que não ocorrerão grandes modificações nos setores mais importantes da vida nacional.
É preciso corrigir o que está em descompasso com a realidade, mas essa correção não poderá ser feita abruptamente, e sim na velocidade possível, porque não se pode esperar milagre.
É preciso ter em mente que a democracia depende do apoio e da educação do povo. Gostaria de estar errado nessas minhas considerações e esperar tolerância. Mas, se estiver certo, queira Deus que não seja citada a frase dos acomodados: "eu não disse?"


Mário Amato, 83, empresário, é presidente emérito da Fiesp, presidente do Conselho de Orientação Política e Social da Fiesp e do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Comércio Exterior. Foi presidente da Confederação Nacional da Indústria.


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