|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Dois pra lá, dois pra cá
BRASÍLIA - Paulo Maluf foi indiciado pela Polícia Federal por formação
de quadrilha, sonegação, evasão de
divisas, lavagem de dinheiro e peculato (embolsar recursos públicos).
Aliás, ele e seu filho Flávio. Ufa! É de
tirar o fôlego. E também de tirar o
ânimo de qualquer candidato em obter o apoio público de Maluf.
Já era no mínimo constrangedor ter
o voto ou qualquer tipo de manifestação de simpatia de Maluf com tantas
contas, tantos milhões, tantas suspeitas, tantas ilhas, tantos paraísos fiscais. Agora, salta de constrangedor
para falta de vergonha.
Restam para José Serra (PSDB) e
Marta Suplicy (PT) a operação simultânea, e portanto contorcionista,
de rejeição e atração: rejeição a Maluf e atração dos votos malufistas.
Nisso, Serra leva vantagem. Pelo chamado "processo natural". Se já é
mais difícil um malufista apoiar um
candidato do PT, é mais ainda se esse
candidato está atrás nas pesquisas.
Geraldo Alckmin, com aquele jeitão de Mona Lisa que Deus e sucessivas campanhas lhe deram, compara:
o Datafolha apurou que em torno de
70% dos votos malufistas do primeiro
turno vão cair no colo do candidato
tucano, mesmo percentual que ele
próprio, Alckmin, teve no segundo
turno contra José Genoino. Conclusão do governador: esse é um dado
sólido da política paulista. Mais ou
menos assim: basta Serra sentar embaixo da árvore e colher os frutos da
velha polarização PT-Maluf.
O contorcionismo de Serra e de
Marta para tratar dessa questão, digamos, delicada, precisa ser muito
bem calibrado, especialmente para o
debate de hoje na TV Bandeirantes.
Uma pergunta obrigatória é sobre
Maluf e malufistas. Com certeza, assessores políticos e marqueteiros estão quebrando a cabeça para soprar
respostas que não agridam Maluf a
ponto de afastar seus eleitores nem
agradem Maluf a ponto de soarem cínicas ou oportunistas para os próprios malufistas e para todos os demais.
Taí um exercício interessante.
Compre a pipoca e não perca! Viver é
aprender... que tudo é possível.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O poder em fuga Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Governar para si mesmo Índice
|