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VAGUINALDO MARINHEIRO
O espectro de HH
HELOÍSA Helena sai desta
eleição com três derrotas já
computadas: 1) obteve 6,6
milhões de votos (6,85% do total de
válidos), o que é pouco para o que
foi chamado de "fenômeno HH" e
para quem chegou a sonhar com
um segundo turno; 2) seu PSOL
não resistiu à cláusula de barreira e
deve perder o pouco de visibilidade
que tem; 3) a senadora é agora acusada por seus pares de autoritarismo por não ter discutido a opção
do partido pelo voto nulo no segundo turno. Apesar de tudo isso, seu
espectro continua a rondar a campanha presidencial.
Lula, por exemplo, estaria com
uma vestimenta mais adequada se
usasse jeans e blusa branca quando
brada que Alckmin irá privatizar o
que resta das estatais do país.
Esse discurso é típico da senadora, não do atual presidente, que repete a política econômica dos tucanos e hoje defende as estatais não
por razões ideológicas, mas porque
servem para acomodar petistas
sem emprego e para dar uma mãozinha nas campanhas eleitorais, seja de forma positiva, como a auto-suficiência de combustível alcançada pela Petrobras, seja de forma
desastrosa, como a participação de
Expedito Veloso, do BB, e de Jorge
Lorenzetti, do Besc, na falcatrua do
dossiê contra tucanos.
Alckmin, por sua vez, adotou o
estilo HH no debate realizado pela
TV Bandeirantes. Em meio aos números que sempre gostou de citar,
incluiu adjetivos e mais adjetivos
em seu discurso contra o petista.
Do mesmo lado tucano, Yoshiaki
Nakano, um dos principais conselheiros econômicos de Alckmin e
nome cotado para um eventual ministério, perdeu a chance de ficar
calado num momento crucial da
campanha e falou em intervenção
no câmbio e em controle na entrada de capital estrangeiro no país.
Foi discurso de tucano, mas parecia ecoar algum pronunciamento
da candidata do PSOL.
Com essas mudanças de atitudes, Lula e Alckmin buscam atrair
todos os tipos de votos, mas principalmente os da chamada esquerda,
que continua indecisa por se sentir
traída pelo PT no poder e por ainda
guardar ojeriza pelos anos do
PSDB no governo.
É justamente aí que está parte do
eleitorado de HH. A outra parte,
composta de votos de protesto, não
deve ir para nenhum candidato.
Por enquanto, Lula e Alckmin
estão empatados na disputa pelo
espólio de Heloísa Helena. Segundo o último Datafolha, 39% dos que
votaram na senadora no primeiro
turno ficam com o tucano agora. Já
36% optam pelo petista.
Mas Lula precisa conquistar menos votos para ganhar e, se for o
vencedor no dia 29, será mais uma
derrota da senadora. Ela atacou tudo e todos no primeiro turno, mas
usou mais tempo, munição e os
"melhores" adjetivos contra "sua
majestade barbuda".
VAGUINALDO MARINHEIRO é secretário de
Redação da Folha.
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