São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

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PAINEL DO LEITOR

Sobras de campanha
"No domingo último, em face da publicação da reportagem sobre gastos financeiros na última campanha presidencial, atendi a todos os jornais que me procuraram, além de ter dirigido um e-mail à Folha, que o publicou. A partir de então, entendi que não havia mais nada que pudesse informar à imprensa. Entre os jornalistas que atendi, falei com o autor da reportagem, Wladimir Gramacho, que, diante da observação que lhe fiz quanto à fidelidade com que reproduziu minhas palavras, observou que a reportagem em nenhum momento sugerira que haveria desvio de dinheiro, com o que concordei. As evidências que possuía, acrescentou, eram de gastos não contabilizados na campanha, cuja explicação ele voltou a me pedir. Voltei a lhe dizer que não sabia explicar as declarações de algumas pessoas de que haviam feito contribuições "por fora". Não sabia explicar inclusive porque, conforme lhe disse, não havia interesse da campanha em contribuições "por fora", já que o limite que a campanha tinha para arrecadar e gastar oficialmente, nos termos da legislação vigente, era R$ 72 milhões; ora, arrecadamos apenas R$ 43 milhões. O jornalista provavelmente não julgou interessante esse fato, e não o reproduziu na matéria. Achei que os leitores da Folha deveriam conhecê-lo."
Luiz Carlos Bresser Pereira, ex-ministro da Ciência e Tecnologia (São Paulo, SP)

"A Folha acaba de prestar mais um relevante serviço à nação. A divulgação, na edição de domingo, da doação de R$ 10,12 milhões à campanha de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, sem ser declarada por seu comitê à Justiça Eleitoral, é mais uma das grandes irregularidades do ultrapassado processo eleitoral brasileiro. Incomodado deve ter ficado FHC, pois o papel da verdadeira imprensa não pode e não deve ser representado por uma posição cômoda e confortável. A opinião pública merece e espera uma explicação convincente."
José Tarcizo Teixeira da Silva (Vitória, ES)

Folha X MST
"Não adianta agora a Folha ficar batendo o pezinho contra a "insinuação" do MST sobre a "orquestração" do jornal e do governo federal contra o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A ação movida pelo MST contra o Incra por ter "financiado" com recursos públicos a locomoção do "grande" Josias de Souza a assentamentos do movimento no Paraná deveria ser encarada pelos refinados jornalistas e editorialistas como aquilo que é: uma grande ironia ao tipo de jornalismo que a Folha vem praticando. As "perguntas a que falta responder", para utilizar bordão do próprio jornal, são as seguintes: 1. Por que à época da publicação das reportagens não se seguiu norma do "Manual da Redação", sonegando-se ao leitor a informação, hoje tornada pública pelo MST, de que parte da viagem que possibilitou a reportagem foi realizada às expensas de órgão público?; 2. Por que a Folha alega, como prova de sua vestalidade, possuir "gravação em que ela (Maria Rozalina Arend, superintendente-adjunta do Incra) reafirma o que havia declarado em maio'? Eu quero é a gravação de maio; 3. Por que a Folha não publica um quadro do tipo "Entenda como o Incra ajuda a imprensa", demonstrando, pela relação dos outros jornalistas que o Incra auxiliou, que a declaração do Ministério do Desenvolvimento Agrário de que "atende igualmente a todos os jornalistas (...) independentemente do enfoque que eles venham a dar a seu trabalho", é verdadeira? Em vez de responder a essas perguntas, que sempre faz aos que acusa justa ou injustamente, a Folha demonstra toda a fúria autoritária de quem não admite contestação, republicando em página inteira as "denúncias" mais do que requentadas que fez no passado e publicando editorial que em nada fica a dever aos do rival "O Estado de S. Paulo"."
Maria F. Carvalho (São Paulo, SP)

"Não me lembro de ter lido um editorial da Folha tão repleto de adjetivos como o intitulado "A farsa do MST" (Opinião, 12/11): farsa, torpe, ridícula. A necessidade de tal uso caracteriza o objetivo de desqualificar o adversário."
Luciana Maria de Jesus (São Paulo, SP)

"Ridícula a tentativa do MST de, no melhor estilo stalinista, desqualificar e desmoralizar o jornalista Josias de Souza. Melhor faria se tratasse de explicar logo o desvio dos 3% de recursos destinados aos assentados para os cofres do movimento ou para os bolsos de seus líderes. Isso é apenas a ponta do iceberg. Sugiro ao corajoso jornalista que vá mais a fundo e esclareça, com toda a transparência e honestidade que lhe são peculiares, o que é feito do dinheiro público, no caso, milhões e milhões de reais, que já foi investido nos acampamentos do MST."
Marx Golgher (Belo Horizonte, MG)

Pendências
"Em 9 de novembro, Paulo Nogueira Batista Jr. abusou do espaço "Opinião econômica" da Folha (Dinheiro, pág. B2) para cometer uma grosseira agressão de caráter pessoal à Editora Revan. Depois de dar uma versão facciosa de suas relações com a editora, terminou por falsear os fatos e afirmar que "brigou" com ela, quando, na verdade, se briga houve, foi no sentido inverso. O certo é que estávamos já com o livro praticamente pronto para imprimir, a edição aprovada pelo autor. Houve, é fato dificuldades no trabalho, e o estilo irônico e desrespeitoso com que o autor tratava funcionários e funções da editora não ajudava a resolvê-las. Mas levamos a coisa com paciência e já cuidávamos da divulgação do lançamento do livro quando um novo excesso do autor, atropelando a editora na função dela de cuidar do assunto, foi como a gota d'água que entorna tudo. Em 4 de maio, enviei-lhe por e-mail mensagem dizendo que o modo prepotente e desdenhoso com o qual ele tratava a editora tornava para nós difícil concluir o trabalho com ele. Propus-lhe então o distrato necessário, mas ainda em termos amistosos, separando sua figura pública da privada. Disse-lhe: "Lastimo isto porque, embora sabendo que esse gênero de livro raramente dá lucro a quem o edita, adotei com entusiasmo o projeto de editá-lo pela idéia de, com ele, prestar um serviço público: divulgar um trabalho que tem sentido patriótico e prestigiar um autor que merece maior reconhecimento pelo país. Mas, nessa altura, prefiro assumir o prejuízo da edição, que não é pequeno, a dar prosseguimento a uma relação de trabalho atritosa e amarga que foge completamente à minha intenção inicial. Continuarei seu leitor constante e admirador enquanto você permanecer com essa chama de servir ao país, o que espero e desejo que assim sempre seja". Em 6 de julho, o autor enviou também por e-mail mensagem à editora concordando com os termos do distrato amistoso proposto por ela, e o documento foi firmado. Portanto nada justifica essa agressão surpreendente e antiética. Com ela, esse autor apenas veio demonstrar mais uma vez seu espírito prepotente, pois dispôs do espaço que ocupa num jornal de grande prestígio e milhões de leitores para ofender covardemente uma pequena empresa, que não tem recursos para se defender em condições iguais."
Renato Guimarães, editor (Rio de Janeiro, RJ)

Valores
"Manter o advogado Alberto Rollo na presidência da Comissão de Prerrogativas da OAB-SP, mesmo após vê-lo utilizar seu prestígio pessoal e do cargo para a defesa de Hanna Garib, símbolo maior de suspeita de corrupção, é grave erro da situação, que o quer reconduzir. Engavetar a representação que apresentei contra sua conduta na presidência da sessão de desagravo em Presidente Prudente da ilustre advogada Sidmara Geremias, quando, a meu ver, quis transformar os indícios de crime contra a honra, qualificado pela discriminação racial, em mera "indelicadeza" do magistrado agravante é imperdoável. Decidisse pela improcedência, mas não a engavetasse. Assumamos os compromissos com valores perenes, como a luta contra o racismo, ou a Ordem não passará de clubinho ou confraria..."
Celso Martins Fontana (São Paulo, SP)



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