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PAINEL DO LEITOR
Formação de alunos
"Os resultados do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] foram os piores
desde a sua criação. Mostram estudantes
concluindo o ensino médio sem entender o que lêem. O ministro [Paulo Renato Souza, da Educação] diz que "é um crime contra o país" acabar com o Enem. Os
resultados do Enem é que são um crime
contra o país."
Ergógiro Dantas (São Paulo, SP)
Progressão continuada
"Um dos pressupostos muito caros à
progressão continuada implantada é a
de que o "pareamento" idade/série contribui para o melhor aproveitamento dos
alunos, ignorando as diferenças individuais numa mesma idade e o fato de que
a criança entra na escola pela certidão de
nascimento, e não por teste de prontidão. A não ser que a divergência seja
muito grande, isso não corresponde à
prática, conforme pesquisas que fiz. Um
outro pressuposto em que se apóia é o de
que a não-reprovação diminui a evasão.
Também aí é necessária comprovação,
pois são muitas as variáveis em jogo, tais
como a merenda escolar, a bolsa-escola e
a punição aos pais.
A teoria da progressão continuada no
papel é muito boa, mas a sua prática está
muito distante dos seus princípios mais
específicos. Todavia, não deve ser revogada simplesmente, mas colocada sob
orientação de quem a entende realmente
para que se possa reformular a sua implantação e mesclá-la com os procedimentos avaliatórios anteriores. Em si
não é uma inovação. Ocasionou todo esse estardalhaço em razão da incompetência de quem tentou colocá-la em prática sem conhecimento de sua teoria."
Iris Barbieri, professor livre-docente da
Unesp (Araraquara, SP)
Espaço nas universidades
"A discussão sobre cotas para negros
nas universidades vai além do fato da dificuldade de se definir quem é negro no
país. Há negros ricos que entram na faculdade e há brancos pobres que não. O
problema é social; a universidade acolhe
somente aqueles que frequentaram boas
escolas no ensino médio. Por que, então,
não elevar o nível de ensino das escolas
públicas ao mesmo do das escolas particulares? Aí, sim, todos estariam garantidos, negros ou não."
Cinthya Oliveira (Belo Horizonte, MG)
Lucro de bancos
"Os bancos continuam ganhando muito, e as empresas sempre enxugando
custos para sobreviver. É uma receita
precisa para o desemprego e a desigualdade continuarem. Gostaria que alguém
me explicasse como só no Brasil os bancos ganham tanto dinheiro."
Fábio S. Moura (São Paulo, SP)
Tentativa de sequestro
"Venho mostrar minha indignação à
respeito de foto publicada pela Folha
(Primeira Página, edição de ontem),
que apresenta, como se fosse um animal,
um ser humano que, em um momento
de desespero, se propôs a sequestrar um
avião. Como ex-comissário de vôo,
questiono a atitude da tripulação. Há vários modos de controlar alguém, como
amarrá-lo em sua própria poltrona.
E, mesmo depois do 11 de setembro, a
situação dos aeroportos brasileiros continua igual? Como se pode permitir a entrada de qualquer passageiro, sem uma
revista mais intensa?"
Felipe Novaes (Vinhedo, SP)
As vagas do Prona
"Coisas que poderiam demorar a se
tornar públicas o foram bem mais cedo
com a denúncia de cobrança de R$
5.000,00 pela deputada eleita Havanir Nimitz a um pretendente a candidato pelo
Prona. Enéas Carneiro há anos vem divulgando sua cruzada moralista contra
as práticas dos políticos tradicionais. Parece que ele, Havanir e companhia estão
se mostrando políticos como quaisquer
outros. Ao menos as coisas começam a
se tornar claras agora, antes que os microfones do Congresso se abram à cantilena de Enéas."
Celio Levyman (São Paulo, SP)
Lula e a fome
"O sujeito vai à TV e diz que vai dar milhões para compra de alimentos para a
população pobre. Se possuísse um pouco
mais de esclarecimento, saberia que essa
indicação de aumento da demanda,
mesmo que ainda não a tenha elevado, já
cria expectativa de falta de produto.
E o que o empresário mais quer? Não é
especular sobre o que produz ou vende
para aumentar o preço? Lula, quando
você for falar, não se deixe levar pelo populismo e pense nas consequências de
suas afirmações. Se você não vai arrumar, não piore."
Sérgio Eduardo Maurer (São Paulo, SP)
"Ó ótimo o plano "Fome Zero" a ser implantado pelo governo Lula com distribuição de cartão de crédito para compras exclusivamente de alimentos básicos. Com certeza, terá resultados excelentes, inclusive com redução da violência. O brasileiro excluído vai começar a
se sentir cidadão."
Betwel Cunha (Maringá, PR)
Sub do sub
"Esclarecedora e pertinente a coluna de
Marcio Aith ("Lula e o sub do sub", Opinião, pág. A2, 12/11). Não sabemos como
será a diplomacia no governo Lula, mas,
no começo dos anos 90, o embaixador
Jório Dauster usava a política de reciprocidade: a norma era o tratamento civilizado, mas os norte-americanos eram
tratados aqui como tratavam lá."
Antonio Carlos da Silva (Sorocaba, SP)
Peles e modelos
"Depois de se manter impecável mesmo sem salto e com sandália em um só
pé, a top brasileira Gisele Bündchen levou um tombo irreparável no conceito
de muitos. Agora a beldade defende o
uso de casacos de pele. Gisele, você tem
poder! Poderia utilizar sua beleza persuasiva mundialmente em prol do meio
ambiente, da nossa Amazônia, da nossa
Mata Atlântica."
Andréa Bezerra de Albuquerque
(São Paulo, SP)
Programação da TV
"Em sua coluna de 9/11 (Ilustrada, pág.
E14), Daniel Castro, ao noticiar decisão
da Justiça Federal que acolheu pedido do
Ministério Público Federal em Ação Civil Pública movida contra emissoras de
televisão, disse que "a decisão praticamente censura tudo o que esses programas exibem".
O colunista lamentavelmente se equivoca ao chamar tal decisão de "censura".
É importante lembrar que a Constituição Federal, ao prever em seu artigo 220
a livre manifestação de pensamento, de
criação e de expressão, impôs, por outro
lado, determinadas condicionantes a esse exercício, delegando ao poder público
a prerrogativa de regular diversões e espetáculos públicos, de forma a adequá-los a determinadas faixas etárias, locais e
horários.
Nesse sentido, vale a pena lembrar texto publicado pelo mesmo colunista, em
28/9, dando notícia de que "Dados do
Ibope obtidos com exclusividade pela
Folha mostram que os policialescos "Cidade Alerta", "Repórter Cidadão" (Rede
TV!) e "Brasil Urgente" (Band) foram vistos em agosto por 92.987 crianças de 4 a
11 anos. Naquele dia alertava o colunista
que, "para Ana Cristina Olmos, psicanalista especializada em crianças, a exposição a esses programas é maléfica. Esses
programas são inadequados para o horário e mostram a violência de forma
justificada, como uma maneira eficaz de
resolver problemas".
E, se censura não houve, mas tão só
respeito ao texto constitucional, deve-se
ressaltar também que o objetivo das
ações civis públicas nunca foi o de proibir pura e simplesmente a exibição de
programas e filmes, mas sim o de adequá-los aos horários apontados pela
classificação do Ministério da Justiça."
Maria Célia Néri de Oliveira, assessora de
imprensa da Procuradoria da República em
Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)
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