São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Formação de alunos
"Os resultados do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio] foram os piores desde a sua criação. Mostram estudantes concluindo o ensino médio sem entender o que lêem. O ministro [Paulo Renato Souza, da Educação] diz que "é um crime contra o país" acabar com o Enem. Os resultados do Enem é que são um crime contra o país."
Ergógiro Dantas (São Paulo, SP)


Progressão continuada
"Um dos pressupostos muito caros à progressão continuada implantada é a de que o "pareamento" idade/série contribui para o melhor aproveitamento dos alunos, ignorando as diferenças individuais numa mesma idade e o fato de que a criança entra na escola pela certidão de nascimento, e não por teste de prontidão. A não ser que a divergência seja muito grande, isso não corresponde à prática, conforme pesquisas que fiz. Um outro pressuposto em que se apóia é o de que a não-reprovação diminui a evasão.
Também aí é necessária comprovação, pois são muitas as variáveis em jogo, tais como a merenda escolar, a bolsa-escola e a punição aos pais.
A teoria da progressão continuada no papel é muito boa, mas a sua prática está muito distante dos seus princípios mais específicos. Todavia, não deve ser revogada simplesmente, mas colocada sob orientação de quem a entende realmente para que se possa reformular a sua implantação e mesclá-la com os procedimentos avaliatórios anteriores. Em si não é uma inovação. Ocasionou todo esse estardalhaço em razão da incompetência de quem tentou colocá-la em prática sem conhecimento de sua teoria."
Iris Barbieri, professor livre-docente da Unesp (Araraquara, SP)


Espaço nas universidades
"A discussão sobre cotas para negros nas universidades vai além do fato da dificuldade de se definir quem é negro no país. Há negros ricos que entram na faculdade e há brancos pobres que não. O problema é social; a universidade acolhe somente aqueles que frequentaram boas escolas no ensino médio. Por que, então, não elevar o nível de ensino das escolas públicas ao mesmo do das escolas particulares? Aí, sim, todos estariam garantidos, negros ou não."
Cinthya Oliveira (Belo Horizonte, MG)


Lucro de bancos
"Os bancos continuam ganhando muito, e as empresas sempre enxugando custos para sobreviver. É uma receita precisa para o desemprego e a desigualdade continuarem. Gostaria que alguém me explicasse como só no Brasil os bancos ganham tanto dinheiro."
Fábio S. Moura (São Paulo, SP)


Tentativa de sequestro
"Venho mostrar minha indignação à respeito de foto publicada pela Folha (Primeira Página, edição de ontem), que apresenta, como se fosse um animal, um ser humano que, em um momento de desespero, se propôs a sequestrar um avião. Como ex-comissário de vôo, questiono a atitude da tripulação. Há vários modos de controlar alguém, como amarrá-lo em sua própria poltrona.
E, mesmo depois do 11 de setembro, a situação dos aeroportos brasileiros continua igual? Como se pode permitir a entrada de qualquer passageiro, sem uma revista mais intensa?"
Felipe Novaes (Vinhedo, SP)


As vagas do Prona
"Coisas que poderiam demorar a se tornar públicas o foram bem mais cedo com a denúncia de cobrança de R$ 5.000,00 pela deputada eleita Havanir Nimitz a um pretendente a candidato pelo Prona. Enéas Carneiro há anos vem divulgando sua cruzada moralista contra as práticas dos políticos tradicionais. Parece que ele, Havanir e companhia estão se mostrando políticos como quaisquer outros. Ao menos as coisas começam a se tornar claras agora, antes que os microfones do Congresso se abram à cantilena de Enéas."
Celio Levyman (São Paulo, SP)


Lula e a fome
"O sujeito vai à TV e diz que vai dar milhões para compra de alimentos para a população pobre. Se possuísse um pouco mais de esclarecimento, saberia que essa indicação de aumento da demanda, mesmo que ainda não a tenha elevado, já cria expectativa de falta de produto.
E o que o empresário mais quer? Não é especular sobre o que produz ou vende para aumentar o preço? Lula, quando você for falar, não se deixe levar pelo populismo e pense nas consequências de suas afirmações. Se você não vai arrumar, não piore."
Sérgio Eduardo Maurer (São Paulo, SP)

 

"Ó ótimo o plano "Fome Zero" a ser implantado pelo governo Lula com distribuição de cartão de crédito para compras exclusivamente de alimentos básicos. Com certeza, terá resultados excelentes, inclusive com redução da violência. O brasileiro excluído vai começar a se sentir cidadão."
Betwel Cunha (Maringá, PR)


Sub do sub
"Esclarecedora e pertinente a coluna de Marcio Aith ("Lula e o sub do sub", Opinião, pág. A2, 12/11). Não sabemos como será a diplomacia no governo Lula, mas, no começo dos anos 90, o embaixador Jório Dauster usava a política de reciprocidade: a norma era o tratamento civilizado, mas os norte-americanos eram tratados aqui como tratavam lá."
Antonio Carlos da Silva (Sorocaba, SP)


Peles e modelos
"Depois de se manter impecável mesmo sem salto e com sandália em um só pé, a top brasileira Gisele Bündchen levou um tombo irreparável no conceito de muitos. Agora a beldade defende o uso de casacos de pele. Gisele, você tem poder! Poderia utilizar sua beleza persuasiva mundialmente em prol do meio ambiente, da nossa Amazônia, da nossa Mata Atlântica."
Andréa Bezerra de Albuquerque (São Paulo, SP)


Programação da TV
"Em sua coluna de 9/11 (Ilustrada, pág. E14), Daniel Castro, ao noticiar decisão da Justiça Federal que acolheu pedido do Ministério Público Federal em Ação Civil Pública movida contra emissoras de televisão, disse que "a decisão praticamente censura tudo o que esses programas exibem".
O colunista lamentavelmente se equivoca ao chamar tal decisão de "censura".
É importante lembrar que a Constituição Federal, ao prever em seu artigo 220 a livre manifestação de pensamento, de criação e de expressão, impôs, por outro lado, determinadas condicionantes a esse exercício, delegando ao poder público a prerrogativa de regular diversões e espetáculos públicos, de forma a adequá-los a determinadas faixas etárias, locais e horários.
Nesse sentido, vale a pena lembrar texto publicado pelo mesmo colunista, em 28/9, dando notícia de que "Dados do Ibope obtidos com exclusividade pela Folha mostram que os policialescos "Cidade Alerta", "Repórter Cidadão" (Rede TV!) e "Brasil Urgente" (Band) foram vistos em agosto por 92.987 crianças de 4 a 11 anos. Naquele dia alertava o colunista que, "para Ana Cristina Olmos, psicanalista especializada em crianças, a exposição a esses programas é maléfica. Esses programas são inadequados para o horário e mostram a violência de forma justificada, como uma maneira eficaz de resolver problemas".
E, se censura não houve, mas tão só respeito ao texto constitucional, deve-se ressaltar também que o objetivo das ações civis públicas nunca foi o de proibir pura e simplesmente a exibição de programas e filmes, mas sim o de adequá-los aos horários apontados pela classificação do Ministério da Justiça."
Maria Célia Néri de Oliveira, assessora de imprensa da Procuradoria da República em Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)


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