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FUNDAMENTO POLÍTICO
As personalidades escolhidas pelo presidente eleito Luiz
Inácio Lula da Silva para o primeiro
escalão da política econômica compartilham de um perfil semelhante.
Antonio Palocci Filho (Fazenda),
Henrique Meirelles (Banco Central) e
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) se distanciam do perfil tecnoburocrático que prevaleceu, durante os anos FHC, entre os ocupantes dessas pastas. Essa diferença na
escolha dos perfis convive com o objetivo, marcante sob Fernando Henrique Cardoso e por ora preservado
por Lula, de compor uma equipe que
conquiste a confiança do chamado
mercado financeiro.
Talvez a passagem do tempo venha
a demonstrar que, se houve um período atípico no modo de definir o
perfil dos titulares da equipe econômica no Brasil, ele foi o dos oito anos
de FHC. Tendo obtido uma vitória
sobre a inflação, o presidente Fernando Henrique Cardoso conquistou um duradouro aval da sociedade
para formar uma equipe econômica
pouco compromissada com a tessitura política, por exemplo, com o
empresariado e o sindicalismo.
O perfil técnico atribuído a nomes
como Pedro Malan -que bateu todos os recordes de permanência na
Fazenda- e Armínio Fraga parecia
ajustado à principal tarefa atribuída à
política econômica: evitar a volta do
descontrole inflacionário. Na base
desse arranjo de poder estava a idéia
de que os técnicos de FHC transmitiam credibilidade aos agentes financeiros locais e globais.
Sem algo parecido ao Real para fornecer cacife ao futuro presidente,
com a popularidade dos ajustes ultraliberais -bem como o fluxo internacional de capitais- em baixa,
com o desemprego crescente e o aumento das dificuldades nos negócios
de empresas brasileiras, é compreensível a preferência por nomes
menos técnicos e mais "políticos" à
frente das pastas econômicas. Se esse novo perfil representará mudança
concreta no rumo da economia, no
entanto, só o tempo dirá.
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