São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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MARCHA LENTA

As perspectivas de crescimento da economia global em 2003, que já não eram brilhantes, parecem murchar. Isso reitera a perspectiva de dificuldades para a política econômica brasileira.
Uma das evidências que indicam uma piora do quadro esperado para 2003 é o contraste entre a evolução recente do valor relativo do euro e as mudanças nas projeções oficiais para a economia européia.
O valor do euro em relação ao dólar chegou, ontem, ao nível mais alto desde janeiro de 2001. No entanto, também ontem o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que reduziu sua projeção para o crescimento da economia da região em 2003. Agora o BCE espera alta do PIB na faixa de 1,1% a 2,1%; sua projeção anterior era de expansão um ponto percentual superior (de 2,1% a 3,1%).
Em geral uma revisão dessa natureza tenderia a suscitar pressões de fortalecimento do dólar ante o euro. O fato de que isso não se verificou é indicativo de que não se espera que a economia norte-americana tenha em 2003 desempenho muito superior ao da Europa.
Logo, não se deve esperar que esses dois grandes pólos sejam fatores de expressiva redinamização da economia global em 2003. E tampouco do Japão vêm notícias alvissareiras. O governo japonês acaba de lançar mais um pacote de corte de impostos voltado a estimular uma reanimação dos investimentos privados. A intenção é afastar a economia da deflação e da recessão. A expectativa predominante é de queda do PIB japonês no primeiro semestre de 2003.
Uma economia global pouco dinâmica é um obstáculo a uma expansão mais rápida das nossas exportações, porque tende a limitar seja o volume das vendas, em termos físicos, seja a recuperação dos preços das commodities que exportamos. Com isso, fica mais difícil aliviar a escassez de dólares por meio da melhora do saldo da balança comercial.
Ao lado disso, o baixo crescimento tenderá a prejudicar a diluição da elevada aversão ao risco dos investidores internacionais, dificultando a retomada da oferta de crédito externo privado ao Brasil.


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