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MARCHA LENTA
As perspectivas de crescimento da economia global em
2003, que já não eram brilhantes, parecem murchar. Isso reitera a perspectiva de dificuldades para a política
econômica brasileira.
Uma das evidências que indicam
uma piora do quadro esperado para
2003 é o contraste entre a evolução
recente do valor relativo do euro e as
mudanças nas projeções oficiais para a economia européia.
O valor do euro em relação ao dólar
chegou, ontem, ao nível mais alto
desde janeiro de 2001. No entanto,
também ontem o Banco Central Europeu (BCE) anunciou que reduziu
sua projeção para o crescimento da
economia da região em 2003. Agora
o BCE espera alta do PIB na faixa de
1,1% a 2,1%; sua projeção anterior
era de expansão um ponto percentual superior (de 2,1% a 3,1%).
Em geral uma revisão dessa natureza tenderia a suscitar pressões de fortalecimento do dólar ante o euro. O
fato de que isso não se verificou é indicativo de que não se espera que a
economia norte-americana tenha em
2003 desempenho muito superior ao
da Europa.
Logo, não se deve esperar que esses
dois grandes pólos sejam fatores de
expressiva redinamização da economia global em 2003. E tampouco do
Japão vêm notícias alvissareiras. O
governo japonês acaba de lançar
mais um pacote de corte de impostos
voltado a estimular uma reanimação
dos investimentos privados. A intenção é afastar a economia da deflação
e da recessão. A expectativa predominante é de queda do PIB japonês no
primeiro semestre de 2003.
Uma economia global pouco dinâmica é um obstáculo a uma expansão mais rápida das nossas exportações, porque tende a limitar seja o volume das vendas, em termos físicos,
seja a recuperação dos preços das
commodities que exportamos. Com
isso, fica mais difícil aliviar a escassez de dólares por meio da melhora
do saldo da balança comercial.
Ao lado disso, o baixo crescimento
tenderá a prejudicar a diluição da elevada aversão ao risco dos investidores internacionais, dificultando a retomada da oferta de crédito externo
privado ao Brasil.
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