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CLÓVIS ROSSI
É o faxineiro, gente
SÃO PAULO - Para que não digam
que é coisa da Folha e de seu suposto
mau humor, vou a "O Globo" e sua
manchete de ontem: "Lula põe banqueiro do PSDB no BC e mercado
ainda desconfia".
Pois é. O tal de mercado, essa entidade sem rosto que se tornou feitora
do universo nos tempos modernos,
acha pouco um banqueiro tucano no
governo do PT.
Exige, de acordo com reportagens
em vários jornais, um "operador",
que Henrique Meirelles, o futuro presidente do BC, não seria. Parece que
Meirelles pensa, coisa que o mercado
abomina. Quer "operadores", esse
pessoal que não pensa, limita-se a
apertar botões, claro que os botões
que o mercado aprecia.
Fenômeno idêntico está se dando
na Fazenda. Antonio Palocci, o novo
ministro designado, até já brincou
naquele jantar com FHC no Alvorada que estava sendo tido como à direita de Pedro Malan.
Já anunciou o diabo, até aumento
do superávit primário, para acalmar
o mercado. Adiantou? Porcaria nenhuma. O mercado acha que ele não
é formulador de política macroeconômica e, portanto, exige alguém que
o seja (e, logicamente, que formule as
políticas que o mercado aplaude. Arruínam a nação, é verdade, mas desde quando esse dano colateral preocupa os mercados?).
Como o PT parece tomado de um
medo pânico de contrariar a turma
do mercado, admitamos que venha a
nomear um "operador" da máxima
confiança deles para ajudar Meirelles
no Banco Central.
Prepare-se, desde já, para a nova
manchete de "O Globo": "Lula põe
operador da firma de George Soros
no BC e mercado ainda desconfia".
Enquanto não for nomeado um novo faxineiro para o BC, que seja de
confiança dos mercados, esse espetáculo ridículo, mas trágico, vai continuar. Pobre país.
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